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O que realmente importa na educação dos filhos

Hoje em dia, percebo um despertar das famílias para retomar as rédeas na educação dos filhos. Depois de um movimento grande de terceirização, no qual as crianças eram absolutamente delegadas às escolas, avós, babás etc. – não que isso ainda não aconteça, claro que em alguma medida sim –, é visível a preocupação crescente de pais em assumir o protagonismo nesse processo. 

O que observo com toda a transparência no dia a dia de trabalho com famílias, contudo, são pais muito bem-intencionados, mas extremamente confusos e inseguros. Pais que foram formados em uma época em que as ideologias já estavam sendo amplamente infiltradas nas escolas, leituras, novelas e séries e que, agora, querem fazer o melhor, mas se perdem em suas dúvidas infindáveis. 

Para piorar o cenário, o excesso de informação de qualidade questionável está à disposição a um toque de dedo. Basta assistir a alguns reels e ficar completamente à deriva – o que fazer ou não fazer; o que deixar os filhos assistirem, o que não deixar; o que permitir e o que proibir; proibir dizendo não ou simplesmente apresentando outra possibilidade; deixar a criança acreditar no Papai Noel ou proibir que tenha contato com o “bom velhinho”…. – enfim, um mar de dúvidas e um oceano de “opiniões” oferecidas e defendidas com “propriedade”, muitas vezes por falsos especialistas – pais de primeira viagem que estudam um pouco e se colocam nas redes orientando os demais. 

Hoje, os pais estão muito preocupados com assuntos opináveis, que não serão estruturantes do caráter de seus filhos, e, ao mesmo tempo, descuidados com o “básico bem-feito” – cuidar da presença verdadeira (não mediada por celulares), colocar limites claros e firmes desde cedo, ser coerentes com o que pensam, falam e exigem dos filhos, ser exemplos de luta por tornarem-se pessoas melhores. Buscam na internet que livros lerem para os filhos, que filmes são bons para que assistam, quanto tempo devem fazer de leitura em voz alta, se as crianças devem ser expostas a uma ou duas línguas desde cedo; mas não estão sabendo ser pais e mães amorosos, firmes, exigentes, que fundarão as bases para todo e qualquer aprendizado da criança. Com isso, não quero dizer que as leituras e os estímulos intelectuais não sejam bem-vindos e importantes, mas sim que não são essenciais na formação do caráter, do juízo moral do seu filho. 

De nada adianta que a criança seja bilíngue, se não consegue respeitar uma regra de convívio, se não respeita a autoridade dos pais, se não sabe agradecer o que recebe, se não aprende a viver a fé, se não encontra sentido verdadeiro para a vida, e isso somente a família bem conduzida poderá dar a ela. 

Portanto, queridos, formem-se. Busquem maior clareza, maior conhecimento, reconquistem a segurança que é necessária para educar bem os filhos. Comecem por identificar, porém, o que é essencial e parem de se preocupar tanto com a perfumaria. Ocupem-se com eles no cotidiano, estejam atentos aos seus comportamentos (mesmo em festas com monitores), segurem-nos quando for necessária continência – sem medo de traumatizar –, pois quem conhece e é presente ganha o precedente de errar sem traumatizar. Todos irão errar. Isso é uma certeza, mas aqueles que têm firme propósito de formar bem os filhos, que estão implicados nessa missão, constroem uma relação que abre as portas para a compreensão, para a misericórdia do filho quando se tornar adulto. Por isso, queridos, cuidado: foquem o essencial. Isso, sim, vale a pena. 

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