‘O que vou ser, agora que cresci?’

Quem de nós não viveu em sua biografia este dilema: “Que profissão devo escolher, o que me fará feliz?” Com certeza, passamos por esse impasse e nos lembramos dos sentimentos que foram despertados no processo!

No último artigo, falamos sobre a educação da vontade e o quanto isso nos ajuda a formar pessoas que tenham mais critérios e condições de decidir bem. Agora, vamos falar de uma situação em que essa habilidade de decidir se faz absolutamente necessária: a escolha da profissão.

É muito importante que, como pais, tenhamos uma visão ampla sobre esse momento importante na vida de nossos filhos, para que possamos ajudá-los com sabedoria no processo de escolha.

Primeiramente, vamos considerar a grandeza e importância da escolha: trata-se de uma decisão que trará efeitos para toda a vida. A partir dela, o jovem “moldará” seu aprendizado em busca de excelência futura no âmbito profissional. Ainda novos, precisam decidir algo grande e, hoje, com uma gama infinita de opções! Quantas e quantas profissões surgiram nos últimos anos e quantas surgirão nos próximos! Tudo muito dinâmico.

Então, vamos lá: nós, pais, precisamos nos conscientizar de que nosso papel é o de auxiliar e não o de decidir ou induzir à decisão. Cuidado com os pressupostos: “Tenho certeza de que será um excelente advogado, argumenta como ninguém!”; “Sempre gostou muito de animais, será uma veterinária!” Podemos pensar e imaginar o que quisermos, mas não cabe a nós a decisão.

Se queremos nossos filhos comprometidos com a decisão tomada, precisamos ajudá-los de forma muito prática e positiva. Eis algumas dicas:

1. Desde o fim da infância e adolescência, precisamos ajudá-los a crescer em conhecimento próprio. Identificar as habilidades, os gostos, os interesses. Perceber suas limitações ou dificuldades – aquilo que é mais árduo, mais custoso. Conhecer-se é um passo muito importante para qualquer decisão, especialmente as mais importantes.

2. Ouvir suas preferências profissionais e ajudá-los a identificar o porquê delas (sejam quantas forem) – como conheceram a profissão, se conhecem alguém que atua naquela área, se conhecem o campo de trabalho, as habilidades necessárias para exercê-la. Devemos propor que façam uma lista das preferidas e busquem informações sobre cada uma delas. No início do processo, é comum se interessarem por profissões absolutamente distintas, de áreas completamente diferentes – é preciso ajudá-los a discernir melhor. Uma tabela com os dados colhidos sobre cada uma pode ser de grande ajuda.

3. Estimule-os a pensar em critérios para a decisão: tempo de dedicação, tipo de habilidade para o exercício, afinidade com o campo de atuação, remuneração; enfim, precisamos tentar identificar os critérios que são importantes no âmbito dos valores que possuem.

4. Momento de sistematizar o conhecimento próprio – que tal construir uma lista de suas habilidades, facilidades, limitações e dificuldades? Comparar a lista das profissões com a do conhecimento próprio pode ajudar a identificar as opções mais viáveis.

5. Com as opções finais, pode ser interessante que busquem conhecer mais de perto a rotina de um profissional da área – conversar com alguém, passar um dia observando (quando possível), enfim, tomar contato com a realidade cotidiana da atuação profissional.

6. Devemos respeitar a decisão dos nossos filhos, mesmo que não nos agrade. É sempre bom lembrar que atuar naquilo com que se identifica, uma missão, um sentido, é precioso. Não há profissão melhor, mas sim a mais adequada a cada pessoa, aquela na qual ela fará o bem e se realizará.

Claro que, mesmo com todo esse processo, a decisão pode não ser bem acertada e, em algum momento, haver arrependimento. Arrepender-se faz parte da arte de decidir e pode ser um momento de grande amadurecimento e aprendizagem! Coragem!

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