Recentemente, circulou a notícia de que os organizadores do Oscar, a maior premiação às produções da indústria cinematográfica, deixaram o seguinte recado: será exigido dos filmes que quiserem concorrer ao prêmio apresentar a participação de temas e/ou personagens, assim como membros da equipe de trabalho, que sejam representantes das minorias que compõem as “novas diversidades” de comportamentos da sociedade atual. Em outras palavras, deve-se aceitar, queira-se ou não, os novos “normais”. Uma exigência radical para o fim do chamado tradicional e conservador na arte do cinema (ou no planeta). Aos que estão acompanhando a evolução dos fatos, que acontecem nos quatro cantos do mundo, isso não é bem uma novidade.
A História é o registro das transformações ao longo dos séculos. O que se verifica agora, entretanto, é a tentativa de banir toda e qualquer atividade que apresente uma manifestação vinculada aos valores fundamentais da civilização, quer no âmbito cultural, quer no moral, quer no religioso, e de modo particular os valores cristãos. É uma ruptura, uma explosão da essência, levando a crer que tudo o que sustentou as civilizações até agora foi um grande erro, que deve ser corrigido à luz da “nova sabedoria”. Concretamente, exemplifica-se como o fim das tradições; da aceitação inquestionável do comportamento de novos agrupamentos ditos “familiares”; da aprovação da morte antecipada, seja pelo aborto, seja pela eutanásia; da liberação sexual sem limites, inclusive com a descriminalização da pedofilia; e até o ponto da negação das diferenças de sexos, pela sua natureza, substituída pela ideologia de gênero. Vários desses itens já são uma realidade cotidiana em diversos lugares do mundo, e invadem um número maior de países, inclusive com valores cristãos, identificados em passado recente.
Ser conservador se tornou sinônimo de obsoleto, anacrônico, ignorante e, até mesmo, anticientífico. Tudo o que está relacionado a modelos pétreos milenares e de referência se torna ridículo, ultrapassado, inútil e sem sentido. As novas propostas se ancoram em argumentações tão fortes como um castelo de cartas de baralho, em que o que importa é “estar feliz”, hoje e agora. Se cair, constrói-se outro. Nada mais deve ser considerado definitivo. Tudo é descartável. A verdade tornou-se relativa, pessoal e transitória. Tudo muda e é permitido; desde que não se retorne aos valores conservadores, sobretudo os cristãos.
Por outro lado, emerge uma onda de resistência a este avanço, na qual se faz valer a força das tradições, dos valores morais indispensáveis para a convivência social, para o olhar da transcendência na religião e do amor ao próximo. Se o homem é transitório nesta passagem na terra, o mesmo não se diga da sua esperança e fé na sua eternidade. A responsabilidade por nossas atitudes não se esgota com a nossa finitude, mas vai muito além naqueles que aqui permanecem e são atingidos, bem ou mal, pelas decisões passadas. A herança transmitida por gerações não são somente caracteres genéticos físicos de seus progenitores, mas, também, decorrentes do que lhes foi agregado como essencial no comportamento humano na sua plenitude, incluindo tradições, a moral e a religião. Isso é compatível com o progresso, na sua prudência, em avançar para o alto sem destruir os alicerces.
É preciso saber quem sou, das minhas origens, dos meus objetivos e por quais caminhos quero alcançá-los. Ocupamos um lugar privilegiado na obra da Criação. Não somos criaturas decorrentes de um acaso determinado por um caos molecular. Fazemos parte de uma harmonia divina que nos supera a compreensão, mas nos indica a Verdade e o Caminho. Se acreditamos na Verdade e no Caminho que nos preserva pela Vida digna, não é possível compactuar com a quebra de valores decorrentes desta Verdade. Não se iguala o Caminho por atalhos enganosos. Não se mata ou maltrata a Vida, negando a sua dignidade e eternidade.
Se ser conservador é manter-se fiel a estes princípios, na crença da Verdade pelos valores cristãos da família e pela dignidade da vida, da concepção até a morte; se ser conservador é acreditar na relação de amor conjugal de um homem com uma mulher com o dever e alegria da transmissão da Vida; se ser conservador é conviver com a liberdade, sem ser exigido abandonar o Caminho que norteia a Esperança pela fé nos valores religiosos alicerçados em Deus; se tudo isso, e o que daí decorre virtuosamente, é ser conservador, então, o serei, para sempre, porque se esforçar por zelar pela Verdade, pelo Caminho e pela Vida é o sentido para a felicidade.