Quais tipos de valores estamos ensinando?

O fim do ano bate novamente à nossa porta! Que época estamos vivendo! Tantas mudanças, tantos desafios, tantas renúncias necessárias e tantas outras que, no fundo, acabam desvendando quem de fato somos, o que na verdade valorizamos. Já pararam para pensar nisso? 

Precisamos aproveitar esta época de fim de ano para fazer uma reflexão profunda da nossa vida, diante da cena do presépio. À luz da humildade e amor deste Deus todo-poderoso que se faz uma criança pequena, indefesa, se submete aos cuidados e limitações humanas para nos salvar, qual tem sido nossa resposta, nosso compromisso?

Estamos educando nossos filhos tendo em vista a realidade que a vida do próprio Deus nos traz? 

Nesses dois últimos anos, estivemos todos muito preocupados com nossas vidas, saúde, com o controle da pandemia, o que é muito natural. Mas estivemos também proporcionalmente preocupados com nossa vida espiritual, com a busca dos sacramentos, do alimento da alma?

Vejo muitas famílias cristãs acomodadas com a missa on-line, com a falta dos sacramentos como se eles ocupassem um lugar menor em comparação com a preservação da saúde corporal, ou seja, vale mais a saúde do nosso corpo do que a saúde da nossa alma?

Vamos aproveitar este tempo do Advento que se aproxima e olhar para a cena do presépio: diante dela, rever nosso cotidiano, nossa família, o sentido que estamos dando à nossa vida e o que temos ensinado aos nossos filhos com o modo com que estamos vivendo.

Como sempre digo:  tudo educa – o que fazemos e o que deixamos de fazer, o que falamos e o que omitimos; afinal, tanto os atos quanto as omissões transmitem valores. 

Na primeira infância, aprenderão por hábitos, por estarem em um ambiente que vive esses hábitos e, por isso, os ensina a viver (mesmo sem saber exatamente o que significam, entendem que se trata de algo importante). Depois dos 6 anos, já podem ser introduzidos à prática das virtudes, ao cuidado com os outros, ao crescimento espiritual. Será que estamos conseguindo dar a nossos filhos essa formação e esse exemplo ou estamos embotados, cuidando da preservação de nossa saúde de modo um pouco egoísta?

Vamos aproveitar este fim de ano, olhar com coragem para nós mesmos, para nossas atitudes e mudar o que precisa ser mudado. Lembrar que somos responsáveis pelo que plantamos e, por isso mesmo, não podemos perder tempo em plantar o bem, espalhar o amor e cuidar do que realmente precisa ser cuidado. 

Feito esse exame mais profundo, vamos partir para a ação: planejar uma preparação especial para o Natal em família. Colocar poucos e concretos propósitos, procurar agir de modo coerente com a vida cristã que nos propusemos a viver – ser cristão é olhar para Cristo e imitá-lo, apesar dos pesares, apesar das circunstâncias. 

Que época especial para olharmos para Cristo: esse Deus enorme que se faz visível por meio de um pequeno e amável bebê, da humildade de sua mãe, da pobreza de seu pai, que nem sequer pôde oferecer um lugar adequado para que nascesse. Olhar para o imenso amor e doação que cada um demonstrou ao outro, à extrema obediência ao projeto perfeito de Deus Pai. 

Que tal propormos aos pequenos alguns exercícios para que entendam também o sentido do Natal cristão?  Por exemplo: vamos dar um sorriso a todos os que encontrarmos, especialmente os desconhecidos; vamos fazer um elogio a alguém que não gostamos tanto, vamos procurar em nosso caminho uma criança pobre e conversar com ela – perguntar seu nome, perguntar o que ela gosta de fazer, do que gosta de brincar – dar atenção a ela; vamos fazer um desenho bonito e oferecer a uma criança carente que encontrarmos, enfim, muitos podem ser os modos de estimular os pequenos a gestos concretos de amor. Com certeza, dar-se é muito mais difícil do que dar algo, porém, esse exercício também é válido: que tal darmos um brinquedo de que gostamos a alguém que não tem? Ou repartir uma bolacha, um bolo, uma guloseima que ganhamos com alguém? Mais do que isso é se nós mesmos prepararmos algo para doar: um biscoito, um bolo, uma receita simples e gostosa – que grande gesto de amor!

Simone Ribeiro Cabral Fuzaro é fonoaudióloga e educadora. Mantém o site: www.simonefuzaro.com.br. Instagram: @sifuzaro.

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