Voltemos à Santa Missa

Iniciamos 2021 falando da vacina que serve a todos: a oração. Nela, encontramos três elementos fundamentais para a proteção da vida: saúde, paz e esperança, em doses diárias de encontros com Deus (O SÃO PAULO 13/01/2021, pág. 7).  Precisamos voltar a nos encontrar com Deus! É verdade que o podemos fazer em todos os lugares e a qualquer hora, em nosso coração. Contudo, assim como se ama a pessoa amada em todos os instantes da vida, como uma mãe não esquece jamais um filho mesmo nos afazeres diários, como um pai leva o filho no coração nas horas de trabalho, sentimos todos a necessidade de termos momentos especiais entre aqueles que se querem muito. Um lugar, condições ambientais, um tempo em que toda a existência se concentra naquele encontro único. Assim também nos quer Deus, e assim deveríamos querer a Ele. E este encontro ocorre na Santa Missa. Precisamos retornar, urgentemente, à Santa Missa.

Durante quase todo o ano de 2020, pelos motivos conhecidos, e tanto comentados neste espaço, ficamos afastados presencialmente do Senhor. Um esforço enorme se fez para que, pelos meios de comunicação a distância, as pessoas pudessem acompanhar a Santa Missa. No entanto, o núcleo central deste Sacramento Maior não poderia ser transmitido, não poderia ser oferecido: a Eucaristia. A presença física do corpo e sangue, alma e divindade de Jesus Cristo nos permanecia a distância. Essa situação levou a todos os que têm habitualmente a oportunidade de comungar o Senhor a verificar a dificuldade que milhões de nossos irmãos têm pelo mundo, pela falta de um número maior de sacerdotes. As comunhões espirituais, realizadas com fervor, passaram a ter uma importância até então pouco conhecida. Porém, nada, absolutamente nada, substitui, na sua plenitude, o sacrifício eucarístico. 

Aos poucos, fomos retornando a participação nos encontros presenciais da missa. Com protocolos, que não discuto aqui, mas que em algumas vezes pareciam condenar a própria hóstia sagrada, como um possível agente transmissor, para a difusão da maldita pandemia! Enquanto isso, feiras e mercados, lojas e padarias, retornam “quase normais”, porque a vida segue. Encontros sociais, muitas vezes abusivos e irresponsáveis, se propagam numa população exausta do medo, e que precisa viver. Porém, em muitas igrejas, ainda, os bancos, outrora insuficientes, esperam pelos fiéis. É fato que o esforço em difundir cada vez mais a evangelização pelas redes sociais, canais de tevê etc. permanece; mas não deixemos bancos vazios na companhia ao Senhor no sacrário, que nos aguarda, paciente e cheio de misericórdia.

Não adiemos mais a nossa volta ao Senhor! Todos sabemos de nossas responsabilidades diante dos problemas de saúde que se apresentam, sem data para terminar. Não quero voltar aqui a falar da pandemia, mas da necessidade que temos, enquanto cristãos e católicos, de retornar a frequentar o Sacramento da Santa Missa. Talvez alguns possam julgar como uma atitude cega medieval, de colocar a fé acima dos recursos da ciência para que nos salvemos desta peste: fatos distintos. O que não podemos substituir para nossa salvação é uma esperança total numa vacina, sem garantias, ainda, e continuarmos privados, pelo medo, da companhia e da comunhão com o Senhor. 

O homem é um ser que esquece. Já o sabemos. Parece que menos de um ano foi o suficiente para que se deixasse a necessidade, repito, necessidade, e não digo obrigação (ainda que seja), de participarmos da Santa Missa. Podemos ficar duas horas dentro de um ônibus, uma hora no mercado, tempos intermináveis em filas de bancos, e desempregados… Mas não podemos ir à missa porque lá pegaremos a doença? 

As notícias dos primeiros dias de 2021 já são o suficiente para projetar que o caminho não será fácil. A expectativa de esperança da vacina para bilhões no mundo não se faz tão rapidamente, ainda mais com as variantes do vírus que continuam, estrategicamente, surgindo. Diante disto, porém, a nossa verdadeira e única esperança, Naquele que nos traz a verdadeira paz e saúde para o corpo e a alma, não pode ficar na companhia de bancos vazios. Voltemos com fé a frequentar as igrejas na Santa Missa. Não somente uma fé que nos livre dos males do corpo, mas uma fé que permita levar Cristo aos demais. Assim, muitos viveram em séculos anteriores, com dificuldades maiores, para que pudéssemos chegar aqui. Assim deveremos viver para anunciar a Boa-Nova aos que virão: “Não se vendem dois pardais por uma moedinha? No entanto, nenhum deles cai no chão sem o consentimento do Pai. (…) Não tenhais medo! Vós valeis mais do que muitos pardais” (Mt 10,29-31).

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