Deus vem ao nosso encontro

A Novena de Natal, preparada pela Arquidiocese de São Paulo, neste ano, segue um tema central na fé cristã e na vivência do Advento: nosso Deus é o “Deus-que-vem” ao nosso encontro. Não é uma divindade ausente, distante, reclusa em sua glória e pouco interessado em nós e no mundo. Ele veio, vem e virá. Veio ao encontro do seu povo e se manifestou a ele, caminhou com ele, dialogou com seu povo e fez história com ele. E assim continua a fazer com a humanidade toda.

Deus enviou seu Filho ao mundo, não apenas para as pessoas de uma época, mas também para nós, e nos chama a nos envolvermos com esse evento singular, que marcou e continua a marcar a história da humanidade e nossa história pessoal. Os personagens do Natal, como Maria, José, os Pastores, os Reis Magos, Herodes e outros nos questionam sobre o jeito que nós, hoje, acolhemos em nosso meio o Deus-que-vem e se faz Deus-conosco. Santo Agostinho disse um dia: “tenho medo que Deus venha ao meu encontro e eu não o reconheça nem lhe dê atenção”. Seria grande perda para nós perder a chance do encontro salvador com Deus!

A Novena traz os textos do Evangelho, referentes ao Natal de Jesus, e convida a contemplar e meditar o Mistério da Encarnação, celebrado no Natal: Deus se faz um conosco por meio de Jesus, para nos tirar de nossa solidão e nos abrir horizontes que, por nós, nem poderíamos sonhar. Jesus, o Filho de Deus, nasce humanamente de Maria, abre-nos horizontes de esperança e de futuro, que nos enchem de alegria e paz. Como cristãos, temos muita coisa bonita a comunicar e testemunhar ao mundo sobre a nossa fé. A celebração do nascimento de Jesus renova a esperança e a alegria de viver e nos convida a compartilhar a alegria e a esperança com as pessoas ao nosso redor.

A Novena deste ano traz uma novidade: além da preparação do Natal, aparece também um roteiro de celebrações em família e breves encontros para o tempo que segue à festa do Natal, até à Epifania. De fato, o Natal não termina no dia 25 de dezembro, nem, muito menos, na noite de 24 de dezembro. A liturgia católica prevê celebrações festivas do dia 25 de dezembro até à festa da Epifania. Isso enriquecerá a vivência do tempo do Natal, sobretudo nas famílias.

Parte importante da preparação do Natal e do seu anúncio público são os presépios que se preparam nas casas das famílias e outros ambientes, mesmo públicos e comerciais. O Papa Francisco escreveu, em dezembro de 2019, a breve e bonita carta apostólica Admirabile signum (sinal admirável) sobre o significado e valor do presépio, que é, por si só, um anúncio e um testemunho daquilo que cremos. É desejável que em todos os lares seja feito um presépio durante o período do Advento, completando-se na vigília do Natal com a introdução do personagem principal: o menino Jesus na manjedoura. O envolvimento de crianças e jovens na preparação do presépio pode ser ocasião para uma catequese bonita e para uma experiência inesquecível para eles. O presépio deveria permanecer durante todo o tempo litúrgico do Natal, até à Epifania.

O tempo do Advento não deveria ser marcado apenas por sinais exteriores e preocupações com a festa, a ceia e os presentes. Para nós, cristãos, este é um tempo de penitência e de conversão, de preparação pessoal e comunitária para acolher o Deus que vem e para irmos ao seu encontro bem-dispostos.  A Liturgia do Advento nos convida, desde o primeiro Domingo, a crescer “no desejo de possuir o reino celeste” e de ir “com nossas boas obras ao encontro do Cristo que vem” (Oração do Dia). E convida “caminhar entre as coisas que passam, abraçando as que não passam”, aprendendo “a amar desde agora o que é do céu” (Oração depois da Comunhão).

Fazem parte da vivência do Advento a oração mais intensa, a participação assídua na Eucaristia, a leitura e acolhida da Palavra de Deus, as obras de misericórdia e de solidariedade para levar a boa notícia do Natal também às pessoas que sofrem mais e aos que dela têm maior necessidade. Uma boa confissão não deve faltar na preparação pessoal para o Natal.

O Natal também deve ser um tempo de paz entre as pessoas que Deus ama (cf. Lc 2,14). E Deus ama a todos! O profeta Isaías anunciou que o tempo do Messias seria de paz e que as armas seriam destruídas e refundidas em instrumentos de trabalho (cf. Is 2,4). Por isso, o perdão, a reconciliação e a paz entre as pessoas e na sociedade. Para o encontro com o Deus que vem, as armas de todo tipo não servem e devemos estar desarmados interior e exteriormente.

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