Domingo – que vamos fazer?

Domingo é dia de folga, de passeio, de esporte, de praia, de cinema, de compras, de diversão, de comida diferente, de trabalho, de não fazer nada… Para muita outra coisa serve o Domingo e cada um o aproveita conforme suas convicções, desejos e possibilidades.

Para os cristãos, porém, há uma questão que deveria ser prioritária na vivência do Domingo: é o dia do Senhor, de Jesus ressuscitado, da comunidade reunida em seu nome; é dia de Eucaristia, de Palavra de Deus, de ação de graças, de adoração e louvor. É dia de descanso “em honra do Senhor”, de alegrar-se com as maravilhas do Criador, sobretudo com a maravilha das maravilhas, que é a Ressurreição de Jesus e a redenção da humanidade.

Domingo é dia, por excelência, de manifestar o reconhecimento a Deus; de encontrar os irmãos de fé e se alegrar juntos, celebrar juntos, partilhar, solidarizar-se, acolher os irmãos, ir ao encontro de quem precisa, dia de renovar as motivações da fé a partir da Palavra de Deus, dia profético que anuncia o eterno Dia do Senhor, quando Ele será o Sol que não se põe mais, quando não haverá mais noite, nem luto, nem choro, nem dor, nem morte.

Quanta riqueza nos traz o Domingo, dia de Deus, dia para nós. Infelizmente, perdemos muito da percepção e vivência do Domingo e caberia aos cristãos, aos católicos, uma séria reflexão sobre isso. Deixamo-nos envolver por um ambiente cultural, que nos faz muitas propostas para “ocupar” o Domingo – não necessariamente más, mas que fazem esquecer e colocar de lado o sentido e a finalidade primordial do Domingo. Lamentavelmente, o Domingo é explorado como dia “economicamente aproveitável”. No dia de descanso em honra do Senhor são feitos os trabalhos que, durante os outros dias de semana, não conseguimos fazer; ou que programamos para “ocupar esse dia de folga”.

Tantas ocupações podem também fazer parte do Domingo, mas essas não devem se opor ao sentido originário do “Dia de Deus”. Para nós, cristãos, permanece válido o mandamento da Igreja: “guardar Domingos e dias santos”. Esse “guardar”, significa observar, santificar, respeitar, não desvirtuar. Para os católicos, o Domingo é dia de Igreja, de missa, de Palavra de Deus, de caridade, de missão. Preocupa a baixa frequência à missa dominical, o que não deixa de ter consequências empobrecedoras para a vivência da fé. A participação na Eucaristia dominical, além de ser expressão e testemunho de fé, é ocasião para nutrir a fé, crescer “em comunhão” com os irmãos, sentir-se parte desse povo de Deus, marcado pela graça do Batismo e pela pertença à Igreja de Cristo. Domingo é dia de sair do nosso isolamento e de caminhar junto com os outros, na mesma direção, “no caminho de Jesus”, de receber a força do Pão da Vida, o encorajamento e o testemunho de fé que nos vêm dos irmãos.

Domingo também é o dia da fraternidade; ao redor da mesa do Senhor, somos família de Deus, irmãos com os irmãos, sem distinção nem discriminação. E nos lembramos dos irmãos ausentes, dos enfermos, idosos ou impedidos por algum motivo de estarem também em torno do altar. Domingo é dia de lembrar dos irmãos que faleceram e de pedir a Deus que os receba na companhia da Igreja celeste, no Domingo que não tem fim. É dia de olhar para além do nosso pequeno mundo e de fazer nossas as alegrias e esperanças, as angústias e sofrimentos dos irmãos de todo o mundo. Somos “família de Deus” com eles também. Lembramos nossa comunhão com o Papa e a Igreja inteira, com o bispo e os bispos do mundo inteiro, que fazem a mesma coisa onde quer que estejam celebrando o Domingo.

Quanta coisa bonita precisamos relembrar a respeito do Domingo! O esforço de “comunhão, conversão e renovação missionária” passa, certamente, pela recuperação do significado religioso do Domingo, Dia do Senhor e Dia da Igreja. É necessário ter presente que uma grande parte da ação evangelizadora, pastoral e celebrativa da Igreja passa pelo Domingo. E o que dizer, então, em relação aos 70% de católicos que quase nunca ou nunca participam das celebrações do Domingo? Como alcançá-los e também a eles anunciar a Boa-Nova?

Valorizar o Domingo é valorizar nossa fé e nossa missão eclesial. É sair da lógica utilitarista no uso do tempo e valorizar a gratuidade do tempo que Deus nos dá para viver. É buscar, desde agora, do eterno Dia do Senhor, dia da Salvação na eternidade de Deus.

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