Caminha conosco, Maria!

Nós católicos, felizmente, ainda guardamos o piedoso costume de dedicar o mês de maio a uma devoção toda especial a Nossa Senhora – mas pode ser que, pela rotina e pela força do hábito, nosso fervor vá se esfriando, e nos esqueçamos dos motivos para amarmos tanto a Mãe de Nosso Senhor e nossa. Aproveitemos, então, deste mês mariano para reavivar no nosso coração a gratidão pelo grande amor que Maria devotou a Deus e a cada um de nós, ao longo de toda a sua vida.

Resumindo bastante, podemos dizer que o propósito de nossa vida, a razão pela qual Deus chamou cada um de nós à existência, é convidar-nos a participar livremente de sua Vida e Felicidade eternas, dizendo “sim” ao projeto de amor que em sua Providência Ele nos preparou. E aqui entendemos o papel único insubstituível de Maria na vida da Igreja: para cada um de nós, Ela é o modelo da fiel que soube sempre dizer “sim” aos desígnios de Deus.

O primeiro grande “sim” de Maria veio na Anunciação, quando aquela menina, recolhida em oração, recebe do Anjo o estonteante anúncio de que Deus a escolhera para ser Mãe do Messias: durante alguns instantes, a criação inteira esperava ansiosamente a resposta que ela daria. Aquele Fiat que ela respondeu ao anjo “é muito mais que uma autorização: é uma adesão absoluta e firme ao plano divino; é um ato positivo de vontade pelo qual a Virgem queria o cumprimento dos propósitos divinos, não propriamente sem pensar em si mesma, mas aceitando de uma vez para sempre tudo o que o futuro lhe pudesse reservar, fosse o que fosse” (Federico Suárez, A Virgem Nossa Senhora).

Recebido o convite divino e dado seu consentimento, Nossa Senhora poderia ter decidido tirar uns dias de “férias” para acostumar-se com a novidade – mas não: como o anjo lhe dera a pista de que sua prima Isabel engravidara já bastante idosa, Maria imediatamente pôs-se a caminho, com alegria e humildade, para doar-se no auxílio dos serviços domésticos. Ao fazê-lo, acontece uma coisa surpreendente: Deus se utiliza de seu “sim” para comunicar a Isabel (e a João Batista que ela carregava em seu ventre) a presença do Messias – e a viagem acaba sendo a primeira “missão evangélica” da história.

Vários anos depois, quando chegara a hora de Jesus deixar a oficina de Nazaré iniciar sua vida pública, foi também Nossa Senhora quem soou a trombeta para o início de seus milagres, nas Bodas de Caná. Já ali, Maria mostrou-se medianeira fiel: foi ela a primeira a perceber a iminente falta de vinho, e a interceder eficazmente junto a seu filho. A pergunta que Jesus então lhe fez, ao contrário do que poderia parecer à primeira vista, não era uma recusa ou uma bronca. Cristo indicava à sua Mãe que, no momento em que ele fizesse o milagre e revelasse sua divindade, Ele colocaria em marcha a obra da Redenção, e seria apenas uma questão de tempo até ser levado à Cruz. Ele deixaria de ser o “filho de José” e se passaria a ser o “Filho de Deus”, e ela deixaria de ser “a mãe de Jesus” e passaria a ser a Mãe de todos os cristãos – e o que Nosso Senhor queria saber, no fundo, era se ela concordava com isso (Fulton Sheen, A vida de Cristo).

Na Paixão, Maria foi a única a perseverar com a fé inabalada, de pé junto à Cruz, quando todos os discípulos vacilaram ou mesmo abandonaram o Mestre. Depois da Ressurreição, ela estava junto aos Apóstolos na efusão do Espírito, quando a Igreja se manifestou ao mundo.

E também hoje, enfim, Nossa Senhora continua sendo o instrumento escolhido por Deus para o crescimento da Igreja, corpo Místico de seu Filho. Peçamos, então, a Nossa Mãe que nos acompanhe sempre, até chegarmos ao descanso definitivo junto a seu Filho, no Céu. Caminha conosco, Maria! 

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