No último domingo, 20, foi celebrado o Dia Mundial das Missões. A mensagem do Papa Francisco para esta ocasião está estruturada como uma meditação sobre a Parábola do Banquete Nupcial (cf. Mt 22, 1-14), e especialmente daquela ordem final que o rei dá aos seus servos: “Ide às saídas dos caminhos e convidai para as bodas todos quantos encontrardes” (v. 9). Segundo o Papa, nesta frase se encontram três elementos a partir dos quais “podemos estruturar alguns aspectos importantes da evangelização”.
Em primeiro lugar, estão os verbos da ordem: Ide e convidai. Em toda evangelização existe um Ide, um partir em direção aos que ainda não estão no Banquete. E o Papa faz notar que, quando receberam essa ordem, os servos já haviam sido enviados anteriormente, aos convidados originais do Banquete – em outras palavras, eles partiram novamente, sem perder o ânimo, para encher de convidados a casa de seu mestre. Assim também a Igreja, em sua missão evangelizadora, deve incansavelmente renovar seus esforços, para alcançar a toda a humanidade.
E aqui é preciso deixar claro que esse esforço missionário não se limita aos que deixam sua pátria e partem para terras onde o nome de Cristo ainda é desconhecido. O Papa nos lembra que “todo cristão é chamado a tomar parte nessa missão universal”, em seu próprio ambiente profissional, escolar ou familiar. Se vivermos a sério o Evangelho, “cada um segundo a sua própria condição de vida…, como nos alvores do Cristianismo”, conseguiremos trazer para Cristo os que estão à nossa volta.
Mas esse impetuoso “Ide” precisa ser temperado com o manso “Convidai”: não se pode forçar ninguém a virar cristão; o discípulo missionário deve ter a mesma doçura do Mestre, que atraía a multidão mais com a ternura de suas palavras e atitudes do que com a dureza de suas ameaças.
O segundo elemento da Parábola em que o Papa enxerga um critério importante para a evangelização é o “Banquete Nupcial”: ou seja, o convite missionário tem por conteúdo integrar-se a uma verdadeira festa. Em um mundo como o nosso, que continuamente nos propõe “os vários ‘banquetes’ do consumismo, do bem-estar egoísta, da acumulação, do individualismo”, a Boa-nova cristã consiste em conclamar todos os homens para o Banquete verdadeiro, “onde reinam a alegria, a partilha, a justiça, a fraternidade, na comunhão com Deus e com os outros”.
E o lugar privilegiado onde vivemos essa dimensão festiva do Cristianismo é a Sagrada Eucaristia: por isso, o Papa nos chama a “viver mais intensamente cada Eucaristia”, recebendo o Senhor não apenas com manifestações exteriores, mas com a fé viva e uma profunda devoção interior, que nos permita colher em nossa vida ordinária os frutos de nossas boas Comunhões.
Por fim, o Santo Padre enxerga um terceiro elemento de compreensão da evangelização cristã na parte final da ordem do rei a seus servos: “Convidai… todos quantos encontrardes”. Isso significa que o convite para fazer parte do grande banquete que é o Cristianismo se dirige a todos os homens, “independentemente de sua condição social e mesmo moral”.
É claro que alcance universal diz respeito ao convite: ou seja, Deus chama a todos para se converter e, mudando de vida, fazerem-se cristãos, ainda que, infelizmente, nem todos aceitem este convite. Ainda na parábola, o próprio rei passou em vistoria, no banquete, para ver se todos os convidados traziam a veste nupcial (cf. Mt 22,11-13) – e esta veste é o estado de graça, obtido pelos sacramentos e pela fé da Igreja. Como diz o Papa: “Cada homem e cada mulher é destinatário do convite de Deus para participar na sua graça que transforma e salva. Basta apenas dizer ‘sim’”.
Rezemos, então, e trabalhemos, sem desanimar, para que a casa de nosso Pai-Deus esteja repleta de seus filhos amados, tanto aqui na terra quanto no Céu!