Estamos vivendo uma realidade bastante “estranha”. Apesar de tantos e tantos conhecimentos que estão sendo produzidos na atualidade, de pesquisas e estudos sobre desenvolvimento infantil, os pais estão paralisados diante das crianças.
É comum que eu receba perguntas como estas: “Meu filho não me obedece; meu filho é influenciado pelos colegas; meu filho bate quando é contrariado…. Isso é normal?”
Diante dessas perguntas, eu me questiono: o que essa dúvida significa? Saber que tal ou qual comportamento é normal ou não, esperado, evita que tenhamos a intenção de modificá-lo?
Quando temos uma criança pequena que bate nos outros quando contrariada, que grita e esperneia, estamos diante de uma criança normal. No entanto, apesar de normal, de uma condição da imaturidade neurológica e cognitiva infantil, é um aspecto a ser educado, orientado. O que fará desta pequena criança imatura uma pessoa lúcida, viável, capaz de uma vida equilibrada, frutuosa e feliz é o processo educativo. Do contrário, permanecerá imatura, muitas vezes, uma verdadeira criança em corpo de adulto, não é mesmo?
É preciso que os pais saibam dizer o que esperam que essa criança se torne – que tipo de adulto esperam formar.
O processo educativo é o trabalho a ser feito para alcançar esse objetivo. Portanto, apesar de ser normal tais comportamentos, precisamos educar as crianças.
Há uma grande negligência educativa em andamento na sociedade pós-moderna. Estamos enganados, achando que as crianças aprenderão com o tempo, com a vida; que se desenvolverão naturalmente, quase como mata virgem. No entanto, a verdade é: o que não ensinarmos em casa, eles aprenderão na vida. Não se esqueçam, porém, pais, de refletir: Como aprenderão? A que custo? O que aprenderão? Que tipo de pessoas se tornarão?
Essa espera passiva é abandono real. Deixar que aprendam com o tempo e com a vida é negligência à missão de formar os filhos. Se queremos formar bem nossos filhos, se esperamos que sejam boas pessoas, que tenham juízo moral bem formado, não podemos negligenciar essa missão educativa.
Educar é um processo de longo prazo e que exige constância e determinação. Exige que tenhamos metas claras e busquemos estratégias eficientes. Claro, compreendermos o que é esperado ou não a cada etapa da vida dos nossos filhos nos ajuda nessa missão. No entanto, saber para naturalizar e aguardar o crescimento espontâneo deles é ilusão e perda de tempo.
O único caminho para podermos formar pessoas fortes, livres, que saibam fazer boas escolhas e chegem ao melhor que podem ser, é o processo educativo.
Pais, não temam assumir com coragem e determinação o papel de guias e educadores de seus filhos. Sejam amorosos e firmes nas condutas e determinações, não temam as reações descontentes dos pequenos – são normais e passageiras – pois, no futuro, serão gratos pela formação recebida.
Quero terminar este artigo com um lindo trecho de uma homilia recente do Papa Leão XIV: “Sejam para os seus filhos exemplo de coerência, comportando-se como querem que eles se comportem. Educando-os para liberdade por meio da obediência”. A verdadeira autoridade é coerente, amorosa, firme. Exige do amado, pois sabe que ele é capaz de ser melhor e que levá-lo à sua melhor versão exige comprometimento verdadeiro e amoroso.