Transcorre em 14 de setembro de 2021 o centenário do nascimento do Cardeal Paulo Evaristo Arns, 5º Arcebispo metropolitano de São Paulo. Nascido em 1921 em Forquilhinha, hoje pertencente à diocese de Criciúma (SC), fez seus estudos preparatórios à vida religiosa franciscana e ao sacerdócio nos seminários de sua Ordem, sobretudo em Petrópolis (RJ). Depois de obter o doutorado na Universidade de Sorbonne, em Paris, foi Professor de Filosofia e Teologia em Petrópolis, antes de ser eleito por São Paulo VI, em 1966, Bispo Auxiliar da arquidiocese de São Paulo, ao lado do Arcebispo daquela época, o Cardeal Agnelo Rossi.
Em 1970, o Cardeal Rossi foi chamado a Roma por São Paulo VI para assumir a Congregação para a Evangelização dos Povos e acompanhar a Igreja nas frentes missionárias, sobretudo da África e da Ásia. Então, Dom Paulo foi nomeado Arcebispo de São Paulo. Poucos anos depois, ele foi nomeado membro do Colégio Cardinalício pelo mesmo São Paulo VI, com quem o Cardeal sempre teve grande proximidade e estreita sintonia.
Dom Paulo procurou dinamizar a evangelização e a vida pastoral na Arquidiocese, atendendo aos apelos e necessidades da metrópole, que crescia vertiginosamente e precisava voltar uma atenção urgente para as imensas periferias. Dom Paulo procurou traduzir em novas práticas organizativas e pastorais as diretrizes do Concílio Vaticano II no que se refere à participação do povo na vida e missão da Igreja. Teve atenção especial para os pobres e desvalidos da comunidade urbana, dando origem e fortalecendo numerosas obras sociais e pastorais voltadas para a promoção da caridade e da dignidade humana.
O início do seu governo pastoral deu-se em pleno período do regime militar, quando as liberdades democráticas e políticas, o respeito à dignidade humana e aos direitos fundamentais da pessoa estavam sendo lesados de forma grave. Dom Paulo tornou-se voz profética de denúncia desses males e de defesa da dignidade da pessoa e de seus direitos fundamentais. E foi uma voz firme na promoção do retorno à normalidade democrática no Brasil. Sua personalidade teve projeção nacional e internacional, mostrando o envolvimento da Igreja na promoção do bem comum e da justiça social.
No entanto, não deve passar para um segundo plano sua figura de Bispo e Pastor dedicado à vida e à missão da própria Igreja. Ele amou o seu rebanho, promoveu a evangelização do povo, a formação do clero e dos religiosos, incentivou o protagonismo dos leigos para ocuparem com coragem seu lugar na Igreja e na sociedade. Dom Paulo queria a Liturgia bem celebrada, em benefício do povo, a palavra de Deus bem anunciada e o testemunho do Evangelho de Cristo na sociedade por todos os filhos da Igreja. Permanecendo por quase 28 anos à frente da Arquidiocese, ele a marcou profundamente com seu carisma pessoal e suas diretrizes pastorais. Tornando-se emérito em 1998, ele ainda viveu longamente, vindo a falecer em 2016. Seu corpo repousa na cripta da Catedral metropolitana.
Estes brevíssimos traços da biografia do Cardeal Arns servem apenas para marcar o início da preparação do centenário do seu nascimento.
Há poucos dias, encarreguei uma Comissão arquidiocesana para preparar uma agenda de eventos e iniciativas para comemorar adequadamente essa efeméride importante na história desse grande Arcebispo de São Paulo, que tenho a honra de suceder na Sé Paulistana. O centenário será aberto no dia 14 de setembro de 2021, quando Dom Paulo completaria 100 anos de idade, e deverá ser comemorado durante todo o ano centenário. Muitas iniciativas poderão ser promovidas para lembrar Dom Paulo e valorizar a herança deixada por ele à Igreja, sobretudo nesta Arquidiocese.
Evidentemente, além de um calendário arquidiocesano “oficial” de comemorações, existe a possibilidade de promover variadas iniciativas para render tributo ao Cardeal Arns, cuja importância vai além do âmbito propriamente eclesial. Dom Paulo é uma personalidade pública, que agora pertence à História. Mas será importante que a Igreja de São Paulo recorde seu Pastor e destaque novamente as lições que ele deixou como legado. Portanto, convido, desde logo, as diversas instituições e expressões da vida eclesial de São Paulo a pensarem na promoção de iniciativas para comemorar o centenário do Cardeal Arns.
Muito obrigada, Dom Odilo, por este seu artigo! Receba todo o reconhecimento, apoio e aplausos a estas suas oportunas posições, e sobretudo ao parágrafo final de seu texto, quando convida e estimula as diversas instituições e expressões da vida eclesial de SP a promoverem iniciativas de comemoração do Centenário do nosso inesquecível Pastor!
Pedindo-lhe a bênção, respeitosamente,
Maria Angela Borsoi, secretária de Dom Paulo entre 1967-2007