Igreja: guiada e animada pelo Espírito Santo

A celebração de Pentecostes recorda o fato extraordinário da manifestação e ação do Espírito Santo no início da vida da Igreja. A existência da Igreja, que já está para completar dois mil anos, explica-se unicamente mediante a atuação do Espírito Santo. Não há nenhuma outra instituição humana com essa longevidade! Também ela é uma instituição humana, formada de “santos e pecadores”, mas não depende apenas da ação e decisão humanas. Se dependesse unicamente das forças e vontades humanas, ela já teria desaparecido, como tantas outras instituições que nasceram, atuaram durante algum tempo e, depois, desapareceram. A Igreja de Cristo segue viva e atuante, desde os apóstolos até hoje.

Não faltaram crises e dificuldades, devidas às nossas fragilidades humanas e pecados ao longo da história. Mas ela sempre superou essas crises, colocando-se novamente à escuta da Palavra de Deus e daquilo que o Espírito Santo diz em cada momento e circunstância. Nos momentos difíceis, ela se põe a discernir sobre as realidades que a cercam, deixando-se chamar à conversão, para uma fidelidade renovada a Cristo e à sua própria missão.

Também hoje, não faltam dificuldades e crises na Igreja. Ela enfrenta constantes divisões internas, fechamentos, falsos pregadores e mestres mais interessados em si mesmos e nas próprias vaidades do que na verdade e no serviço do Evangelho e no bem da Igreja. E não faltam desafios postos a ela pela cultura contemporânea. Por isso, é tempo para “ouvir o que o Espírito diz à Igreja” (cf. Ap 2-3) e para fazer um sereno discernimento sobre qual é, de fato, a vontade de Deus em cada momento. Ao longo da história, a Igreja fez isso muitas vezes e sempre reencontrou seu caminho, voltando-se para Jesus Cristo, o Evangelho, o exemplo dos Santos e das grandes testemunhas do Evangelho. Não há de ser diferente em nossos dias.

Durante nosso sínodo arquidiocesano, colocamo-nos muitas vezes diante do apelo feito, já no primeiro século do Cristianismo, às sete Igrejas da Ásia Menor: “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às Igrejas’ (cf. Ap 2-3). E a invocação ao Espírito Santo, “animador e renovador da vida da Igreja”, acompanhou todo o trabalho do sínodo. É Ele quem pode mover os corações e as mentes para uma verdadeira conversão e renovação pessoal e comunitária na vida eclesial e pastoral. E o sínodo arquidiocesano evidenciou que temos muita necessidade de realizar um processo de profunda “renovação missionária” em nossa Arquidiocese.

Após o encerramento do sínodo, logo teve início a etapa pós-sinodal, para colocar em prática as diretrizes e os propósitos sinodais, divulgados na Carta Pastoral Comunhão, Conversão e Renovação Missionária. Nossa Arquidiocese, em todas as suas comunidades, expressões, organizações e serviços, está chamada, agora, a traduzir em novas atitudes e práticas as propostas e diretrizes sinodais, para um renovado espírito de missão e ardor missionário. Só assim, a Igreja se renovará e o Evangelho trará novos e abundantes frutos de vida cristã em nossas comunidades.

Com as propostas sinodais em mãos, mais uma vez nos perguntamos, como o apóstolo Paulo no caminho de Damasco, com fé e generosa abertura: “Senhor, que devemos fazer?”. Não basta ter feito um diagnóstico da realidade e ter tomado consciência da situação e dos desafios. Agora é tempo de agir, com ardor missionário e esperança. E necessitamos muito da ajuda do Espírito Santo nesta fase do caminho sinodal. Precisamos dos seus preciosos sete dons, de muito discernimento à luz da fé e da missão; de sabedoria evangélica, unida ao esforço humano; de fortaleza interior, unida à coragem para a superação dos nossos medos, calculismos e autossuficiências humanas; precisamos do verdadeiro e santo temor de Deus, que nos faça levar a sério Deus e a missão que nos foi confiada como Igreja de Cristo. Precisamos do dom da perseverança, para não nos abatermos diante das inevitáveis dificuldades do caminho. Precisamos da “alegria do Evangelho”, para a superação dos negativismos e desânimos e para confiarmos mais na ação silenciosa e eficaz do Espírito Santo.

Que o Espírito Santo venha em socorro de nossa fraqueza para sermos as testemunhas do Evangelho na grande cidade de São Paulo: “Deus habita esta cidade: somos suas testemunhas”. E Jesus prometeu o Espírito Santo para ser nosso mestre interior: “Ele vos ensinará todas as coisas”. Para ser nosso advogado e defensor nos perigos e contra as insídias do Maligno: “Enviarei a vós um outro consolador, o defensor”. Para ser nosso amigo, consolador e constante companhia “Ele estará sempre com vocês”. O Espírito Santo é o animador da vida da Igreja e o garantidor de sua vitalidade e fecundidade missionária.

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