A assembleia geral anual da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) acontece nesta semana, de 12 a 16 de abril, apesar da pandemia de COVID-19. A assembleia geral é o órgão máximo e a expressão mais alta da autoridade da Conferência dos Bispos. Em 2020, a assembleia anual não aconteceu por causa da pandemia. Neste ano, de toda maneira, a assembleia está sendo realizada de forma remota, pela internet, e os bispos estão em suas casas, evitando viagens e reuniões presenciais prolongadas, que poderiam colocar em risco a sua saúde. São mais de 300 os bispos participantes da assembleia.
É importante que os bispos se reúnam e tratem de questões relativas ao seu serviço em prol da Igreja no Brasil, para dialogar sobre as questões e preocupações do dia a dia e suas responsabilidades nas dioceses. Os bispos são pessoalmente responsáveis pelas dioceses que lhes foram confiadas e das quais cuidam, junto com seu clero. No entanto, a missão episcopal não é exercida de forma isolada pelo bispo, mas em comunhão com os outros bispos. E todos juntos exercem sua missão em comunhão com o Papa. Ninguém é bispo de maneira isolada e autônoma. Ademais, todos eles estão a serviço, de maneira corresponsável, da vida e da missão da Igreja, devendo obediência à Palavra de Deus e à profissão de fé da Igreja.
A Conferência Episcopal é o organismo representativo do episcopado de um país ou de uma região, expressão de comunhão e colegialidade no exercício da missão episcopal. Nela se manifesta a fraternidade e a ajuda mútua dos pastores colocados a serviço do único rebanho do Bom Pastor. Na Conferência, eles exercem o discernimento eclesial para o enfrentamento dos desafios, sempre mutantes, da missão evangelizadora da Igreja. A Conferência Episcopal possui competências pastorais e legislativas previstas no Direito Canônico.
Os dias da assembleia geral costumam ter uma agenda muito carregada. Há temas previstos pelo próprio Estatuto da Conferência, como os relatórios da Presidência, da Comissão de Doutrina e da Comissão de Liturgia. Outros temas são prioritários merecendo atenção especial. Entre esses assuntos, prevê-se a revisão do atual Estatuto da CNBB e a criação do Regional Leste 3, a ser formado pelas dioceses do estado do Espírito Santo. Outros temas respondem a situações e necessidades do momento atual. E não se deve esquecer que, durante a assembleia, os bispos rezam juntos e se faz um dia de retiro. Não será diferente neste ano, apesar de a assembleia ser mais breve e de forma virtual. O Arcebispo de Boston, Cardeal Sean Patrick O’Malley, vai orientar o retiro.
Cada assembleia geral da CNBB possui um tema central, que ocupa boa parte do tempo e das reflexões. Do tema central, geralmente, resulta um novo documento da CNBB, discutido nos pormenores e votado, frase por frase. Neste ano, o tema central é o da Palavra de Deus na Bíblia, como “pilar central” da evangelização e da vida da Igreja e que deve orientar e animar toda a vida pastoral. Esse tema já se encontra enunciado nas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (2019-2023), em que se fala de outros três pilares essenciais à vida e missão da Igreja: a Eucaristia (Liturgia) e a espiritualidade; a caridade a serviço da vida plena; e a ação missionária. Sem esses quatro pilares, a Igreja, “casa de Deus”, não se equilibra e até mesmo não se mantém em pé.
O “pilar da Palavra de Deus” é essencial à vida e missão da Igreja, que existe para anunciar e testemunhar o Evangelho. Ela o faz de muitas maneiras: mediante a proclamação da Palavra de Deus na Liturgia; na Catequese, na formação cristã, de maneira geral; na leitura e estudo da Sagrada Escritura; no testemunho da vida orientada e permeada pela Palavra de Deus.
A Igreja não vive de uma doutrina ou mensagem que ela mesma tenha criado. O Papa Francisco gosta de dizer que a Igreja não é “autorreferencial”, mas sempre referida a Cristo e à Palavra de Deus. Ela vive da fé, que vem da Palavra; alimenta-se da Palavra e procura traduzir essa mesma Palavra de Deus em vida, obedecendo e se conformando a ela.
O tema central da assembleia da CNBB insere-se, pois, nesse serviço da Igreja à Palavra de Deus. Toda organização pastoral e todas as iniciativas da Igreja devem estar motivadas e iluminadas pela Palavra de Deus. A Igreja é servidora da Palavra de Deus para a vida do mundo em tudo o que ela é e faz.