Juntos, a caminho da santidade

A Solenidade de Todos os Santos, celebrada neste ano, no Brasil, no dia 7 de novembro, recorda a vocação de todos os batizados à santidade. A Liturgia da festa nos leva a contemplar a multidão incontável dos santos e santas no céu, que alcançaram a grande meta de sua existência: a vida eterna feliz junto de Deus (cf. Ap 7,9-10). São homens e mulheres que viveram sobre a terra antes de nós, estiveram inseridos num contexto histórico, social e cultural, sofreram, lutaram, esperaram, viveram momentos felizes e cumpriram sua missão.

Tendo perseverado no caminho de Deus nesta vida, obtiveram misericórdia e graça e foram admitidos à presença de Deus na “Jerusalém celeste”, para a qual todos nós também somos encaminhados. A fé e a vida cristãs estão fortemente marcadas pela espera na realização final das promessas divinas da salvação e da vida eterna. Neste mundo, nossas realizações não são plenas nem definitivas e sempre permanecem abertas a uma complementação ulterior. Nós somos feitos para mais do que tudo o que já possamos alcançar nesta vida.

Com isso, não desprezamos as pequenas alegrias e momentos felizes que esta vida já nos oferece. Eles podem representar bênçãos divinas para alimentar em nós a esperança nos bens eternos e definitivos que ainda buscamos. É bem verdade o que Santo Agostinho já escreveu: Deus nos fez para si e nosso coração anda inquieto neste mundo, enquanto não repousa em Deus novamente. Cabe-nos continuar buscando com honestidade o bem maior da existência, sem iludir nosso coração, buscando apenas bens transitórios.

A sinodalidade da Igreja, que somos chamados a aprofundar e viver, faz lembrar que também a santidade não se encontra num caminho individualista e fechado sobre nós mesmos. Somos chamados a buscar juntos a santidade, que é, acima de tudo, fruto da ação do Espírito Santo, que age na Igreja e derrama seus dons sobre os discípulos de Jesus e os faz capazes de viverem vida santa. A santidade não é uma conquista pessoal. Os santos não são super-homens e mulheres-maravilhas, com poderes extraordinários, fora do alcance do comum dos mortais.  Os santos são pessoas normais, que viveram cada dia de suas vidas na correspondência com a graça de Deus.

A vida em santidade realiza-se, acima de tudo, na comunhão com Deus Trindade e com a Igreja, “criatura da Trindade Santa”. Na Igreja, encontram-se os meios de santificação e os itinerários de vida santa, ensinados por Jesus Cristo e testemunhados por tantos santos, que nos precederam na Igreja e no caminho da vida cristã. Neles, podemos ver o Evangelho vivido e posto em prática. Vivendo em comunhão com a Igreja, podemos contar com seus estímulos e apoio pedagógico para alcançarmos mais facilmente a santidade. Quem caminha sozinho, sem fazer a experiência sinodal da comunhão, participação e missão na busca cotidiana da santidade, fica exposto a muitos riscos de cair em tentação, de se desviar do caminho e de desanimar. Devemos buscar a santidade com a Igreja, e não contra ela ou fora dela.

Os santos foram homens e mulheres que amaram profundamente a Igreja porque compreenderam bem que ela é amada por Jesus e habitada pelo Espírito Santo. Por isso, em vez de criticar a Igreja ou de se opor a ela, procuram com sincera humildade a própria conversão, mediante a constante acolhida da Palavra de Deus, a penitência e o esforço para conformar a vida ao Evangelho. 

Jesus indica para todos o caminho da santidade: observar os mandamentos, viver as bem-aventuranças, amar a Deus e ao próximo e a vida virtuosa. Olhando para os santos e santas, que estão com Deus, compreendemos bem qual é o futuro ao qual estamos chamados e qual é o caminho que leva até esse futuro feliz. Que eles intercedam por nós e nos ajudem a fazer hoje a nossa parte.

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