A JMJ e a globalização da fé

Há dois mil anos que a fé católica – pelo destemor de missionários e um número infindável de mártires – começou a ser “globalizada”. Na JMJ Lisboa 2023, vendo as bandeiras que os jovens carregavam pelas ruas de várias cidades de Portugal, temos uma certeza comovente: nossa fé chegou aos confins da Terra.

O que também está globalizada é a corrupção. Ela atingiu Portugal, infelizmente, em vários ambientes: no aeroporto, um atendente tenta “empurrar” um carro de valor mais caro do que havia sido locado a partir do Brasil; o taxista não liga o taxímetro e dá o troco errado; e há o motorista de transporte por aplicativo que muda a rota para ao final cobrar mais caro; no restaurante que serve o “menu peregrino”, diante da fila com cerca de 80 jovens, de repente surge o aviso “não há mais kits do menu e, de agora em diante, quem deseja comer terá de pagar”.

Os canais de televisão são casos à parte: não “captam” a beleza do momento, que todos vemos; eles não “surfam na mesma onda”, e gastam horas falando da interrupção de uma “missa lgbt”, falam de inquisição, da retirada de um cartaz ideologizado do meio da procissão de jovens. Somente eu vi a profunda espiritualidade e as orações “globalizadas”? Apenas eu vi a estética belíssima dos deslocamentos pelas ruas, as coreografias e os silêncios orientados pelo Papa? Não vê isso a imprensa perseguidora? No meio da multidão de jovens que se deslocava para o Campo da Graça, uma repórter cinquentona dirige perguntas capciosas a uma menina húngara, aparentando não mais que 13 anos de idade: “A Igreja é para todos?” “Sim!”, responde a menina. “Inclusive para o grupo lgbt?”, insistiu a repórter.” “Sim!”, respondeu outra vez a menina encurralada. “Inclusive para as mulheres que cometem aborto?”, questionou novamente. E a menina, constrangida, começou a andar e não soube mais o que dizer. A repórter encerrou dizendo: “Como podem ver, a Igreja que o Papa deseja é uma coisa, enquanto que a realidade é totalmente diferente”. Fosse um adulto, responderia: “Sim, a Igreja é para todos, inclusive para mulheres que cometem crimes, como é o caso do aborto; a Igreja é para as mulheres curadas; a Igreja é para os resgatados”. Essa repórter poderia vir ao Brasil, conhecer o Projeto Raquel e a restauração realizada pela Igreja na alma de muitas mulheres que abortaram.

Vi uma jovem apresentadora de um canal, já envenenada pelos “senhoures” grisalhos com arroubos de sábios, ou com o ranço dos estatísticos de plantão, cujas opiniões sempre caminhavam nesta direção: “Olha, isso aqui está bem, mas”…. “É ótima essa outra questão, mas”… São profetas do fim do mundo; profetas do fim da Igreja. Vade retro! Abomino suas “profetadas ridículas”, recitadas com ódio gratuito e antieclesial.

E o que dizer da Polícia, que por vezes tratou jovens pacíficos, que rezavam e cantavam pelas ruas, como se fossem meliantes de alta periculosidade? Fechou ruas ao bel-prazer de uma hora para outra; impediu os jovens de ir e vir, obrigando-os a dar voltas intermináveis para ter acesso ao lugar de rezar com o Papa. A mesma truculência na hora do retorno de cada dia. E fora o desrespeito com os jovens, com padres, bispos, religiosas…

Portugal, porém, é bem mais que a raiva gratuita dessas pessoas! É maior que a oculta inveja de perceber que o Papa é amado, que os jovens são o futuro de uma Igreja eterna… porque é de Deus! A Igreja é zelada pelos cuidados da Mãezinha de Fátima, cujo santuário atrai milhões de turistas.

Meu escrito saiu meio que à moda jornalística, mas não se engane, caro irmão: é sobre fé! É sobre nossa Igreja resistente, nossa Igreja divina, santa e eterna. Igreja que, há dois mil anos, supera obstáculos, se fortalece e segue em frente. Os países teimam em globalizar a corrupção e o caos. Os jovens do Papa globalizam, desde São João Paulo II, a esperança, a alegria, o rosto de Jesus Misericordioso.

Obrigado, Senhor, porque – nas ruas de Lisboa – nos reconhecemos! Ao ver uma bandeira, um crachá, um Terço, uma camiseta de Nossa Senhora, brotam sorrisos. Olhos nos olhos. E uma cantoria nasce espontânea em cada esquina: “Esta es la juventud del Papa!” Nossa Igreja é grande! Nossa fé, ainda maior! É sobre pertença: você não faz ideia do que significa reconhecer um indiano, uma coreana, um maltês, um vietnamita, uma baiana, um marajoara como um irmão ao dobrar a esquina na Freguesia de Arroios! Ô glória! É sobre a Igreja atacada de todos os lados, mas que cresce, tem um rosto jovem, bonito e, conduzida pelo Espírito Santo e pelas mãos do Sumo Pontífice, ruma até o colo de Deus.

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