No ciclo litúrgico do Advento, somos envolvidos pela atmosfera da espera, uma espera permeada de esperança, como uma luz que brilha nas sombras da noite. “Vem, Senhor Jesus”, é o que ecoa em nossos corações, e o tempo de Advento nos convoca a reviver as raízes profundas da fé, a redescobrir a promessa divina e a renovar a esperança que nos guia.
Isaías, o profeta corajoso, emerge como guia em nossa jornada de Advento. Mesmo em tempos difíceis, suas palavras ressoam com firmeza: “Não tenham medo. Eis que vem o vosso Deus”. Encontramos, em sua mensagem, as razões claras da esperança: a promessa de um Ungido que virá para trazer luz às trevas.
João Batista, o precursor, proclama a chegada do Salvador. Com seu testemunho de vida e sua mensagem, João nos convida a mudar de vida, a endireitar nossos caminhos e a nos preparar para a vinda do Senhor. Suas palavras ressoam como um chamado à conversão, à transformação interior em antecipação à presença divina.
Maria, a Mãe grávida de esperança, é nossa companheira íntima no tempo de Advento. Ela aguarda com amor inefável, carregando em seu ventre o mistério divino. O Advento é, portanto, o tempo de Maria, um convite a mergulhar no coração do mistério, reconhecendo-a como aquela que espera, vive e confia no cumprimento das promessas divinas.
No Advento, lembramos o nascimento de Cristo, vivemos a presença do Senhor hoje e aguardamos com alegre expectativa sua vinda no fim dos tempos. Encarnação, morte e Ressurreição entrelaçam-se e somos convidados a viver em constante tensão, celebrando a alegria do presente e preparando os caminhos para o futuro.
Na profundidade dessa espera, somos surpreendidos pela vinda contínua do Salvador ao nosso mundo. Ele se manifesta na Eucaristia, nos apóstolos, na Igreja e em cada pessoa que encontramos diariamente. Sua presença se revela quando amamos e servimos ao próximo, ecoando as palavras do Batista nos sinais visíveis de cura e redenção.
Neste período de Advento, três elementos fundamentais delineiam nossa jornada espiritual: a Esperança, que persiste incansável mesmo diante das adversidades, erguendo-nos com ideais coletivos quando caímos; a Conversão, que nos lembra da presença iminente de Cristo, ainda aguardado, sendo a raiz da paz espiritual e um constante caminhar em direção ao Senhor; e a Salvação, que recebemos de Deus e nos transforma em instrumentos dessa graça divina.
A esperança do céu impulsiona a transfiguração do pecado e da injustiça, antecipando a glória celestial. Desafiados a sermos testemunhas da presença salvífica de Jesus, aspiramos, como Igreja, a sermos reconhecidos como portadores da luz que faz os coxos andarem, os cegos verem, os surdos ouvirem, os mortos ressuscitarem e os pobres receberem o Evangelho. Que neste Advento nossa jornada espiritual se fortaleça, irradiando a esperança, promovendo a conversão e proclamando a salvação que transforma vidas.