O mês de junho é dedicado à devoção ao Coração Divino de Jesus e celebramos também a sua solenidade. Esta festa do Sacratíssimo Coração recorda-nos sobretudo do momento em que este Coração foi traspassado pela lança e de seu lado aberto brotaram sangue e água, sinais do Batismo e da Eucaristia, salvação para a humanidade. Faz parte de nossa cultura referir-se ao coração como espaço dos sentimentos, da compaixão e misericórdia, do amor.
Não há dúvida de que o coração é símbolo do amor: amor de Deus, de Jesus Cristo, do Espírito Santo, entre nós, da Igreja, e do nosso amor também à Trindade Santa. Não podemos esquecer aquele gesto tão belo e profundo de São João que teve a graça de se reclinar no peito de Jesus, e ouvir o pulsar de Seu coração, que tanto amou a humanidade, a ponto de dar Sua vida pela nossa salvação. A devoção ao Sagrado Coração de Jesus revela, portanto, o infinito amor de Deus por cada um de nós, seus filhos. Logo, é um chamado para que aprendamos a amar como Ele nos amou, e continua nos amando. Deus é amor e quem ama permanece em Deus.
Mas não é apenas um dia, a festa litúrgica, mas todos os dias nos remetem a esta devoção tão cara à vida e missão da Igreja. E temos a devota prática de recitar ou cantar a Ladainha do Sacratíssimo Coração de Jesus. Rezamos com muita fé: “Coração de Jesus formado pelo Espírito Santo no seio da Virgem Maria, tende piedade de nós”. Esta invocação ao Coração de Jesus se refere diretamente ao mistério que meditamos recitando o “Angelus Domini” – “o Anjo do Senhor anunciou a Maria”. De fato, foi por obra do Espírito Santo que foi formada no seio da Virgem de Nazaré a humanidade de Cristo, Filho do Eterno Pai. Neste mês de junho, vamos rezar com fé a Ladainha do Sagrado Coração de Jesus. É uma maravilhosa oração, centralizada no mistério interior de Cristo: Deus-Homem. A ladainha do Coração de Jesus atinge abundantemente as fontes bíblicas e, ao mesmo tempo, reflete as mais profundas experiências dos corações humanos. É também prece de devoção e de autêntico diálogo. Nela, falamos do coração e, ao mesmo tempo, permitimos aos corações falarem com este único Coração, que é fonte de vida e de santidade e “desejo das colinas eternas”.
O Coração de Jesus é paciente e de grande misericórdia, generoso para com todos os que o invocam. Esta oração, a Ladainha, recitada e meditada, torna-se uma verdadeira escola de vida interior. Ao recitarmos a ladainha e venerando o Coração Divino, compreendemos o mistério da Redenção em toda a sua divina e também humana profundidade. Ao mesmo tempo, tornamo-nos sensíveis à necessidade de reparação. Cristo nos abre o seu Coração para que na sua reparação nos unamos com Ele para a salvação do mundo.
Estamos no Ano Vocacional, que tem um lema tão belo: ”Corações ardentes, pés a caminho”. Do Coração de Cristo brota uma Palavra que faz arder nosso coração. Vamos rezar com fé ao Coração Dulcíssimo de Jesus, pedindo boas, santas e muitas vocações para a Igreja a serviço do Reino de Deus: “A colheita é grande, os trabalhadores são poucos. Pedi, pois, ao Senhor da colheita que envie trabalhadores para sua colheita!” (Mt 9, 37-38).