O jubileu e o seu significado religioso

O jubileu é comumente chamado de “Ano Santo”, essencialmente porque se destina a promover a santidade da vida no povo fiel. Na tradição católica, o jubileu é um grande evento religioso, haja vista que o ano jubilar é a celebração de um tempo de graça: o ponto de partida para a conversão espiritual. É o ano da remissão dos pecados e das penas pelos pecados, é o ano da conversão e da penitência sacramental. O ano do jubileu é, sobretudo, o ano de Cristo, portador de vida e de graça. O Jubileu do Ano Santo pretende ser um despertar interior; uma busca de si mesmo; um tempo de reflexão sobre nossa vida espiritual, convidando-a a fazer um exame de consciência sobre algumas de suas expressões que julgamos fundamentais na vida cristã. Em outras palavras, cada “Ano Santo” é uma ocasião para alimentar a fé e renovar o compromisso de ser testemunha de Cristo.

O Papa Paulo VI lembrou, ao anunciar a convocação do Ano Jubileu de 1975, que “a concepção essencial do Ano Santo é a renovação interior do homem. Por isso, é preciso refazer o homem de dentro para fora”. Dessa forma, o Ano do Jubileu é, antes de tudo, o ano de Cristo portador da vida da graça à humanidade.

A tradição bíblica fala do Ano do Jubileu como um ano de libertação da injustiça e abandono nas mãos de Deus, o único Senhor dos homens e da história. Foi estabelecido, de fato, para restabelecer e consolidar a fé, para favorecer a comunhão fraterna tanto dentro da Igreja quanto na sociedade, para lembrar e estimular os crentes a uma profissão mais sincera e coerente de fé em Cristo e com Ele, o único Salvador do mundo. Torna-se, assim, um itinerário em torno de Cristo e com Ele, para que o cristão possa mais facilmente encontrar o Mestre, Via, Verdade e Vida, na Palavra, nos sacramentos, na oração etc. O Jubileu é o ano da remissão dos pecados e das penas pelos pecados por meio da indulgência. É o ano por excelência da reconciliação, da conversão e da penitência sacramental. “É o processo de autorrenascimento, simples como um ato de consciência lúcida e corajosa, e complexo como um longo estágio pedagógico reformador. É um momento de graça, que geralmente não é alcançado a não ser com a cabeça baixa.” (São Paulo VI, 9 de maio de 1973).

O Ano Santo é um momento favorável para um encontro com uma Pessoa que dá à vida um novo horizonte e uma direção decisiva. É o encontro com Jesus Cristo ressuscitado, por meio do qual a fé poderá ser redescoberta em sua integridade e em todo o seu esplendor. Uma fé que é um presente para redescobrir, cultivar e testemunhar; uma fé que permitirá ter a audácia de viver a beleza e a alegria de ser cristão. O Papa Paulo VI, por ocasião do Ano Santo de 1975, pediu: “O Ano Santo coloca a questão: Você se conhece? O que você sabe sobre si mesmo? Quem é você? Você é cristão? E o que significa ser cristão? Você percebe isso?”.

O Ano Santo deverá, portanto, favorecer nos fiéis uma forte consciência do germe de renovação colocado em cada homem e mulher pelo Batismo e que é necessário reviver. Será essencial que cada um – no clima do Ano Santo – se pergunte com clara honestidade se pretende ou não ser um discípulo genuíno de Cristo Ressuscitado, ou apenas se contentar em estar inscrito no “cartório” dos batizados. Assim, a fé do Ano Santo se torna a festa de Deus conosco; é Evangelho, é uma boa notícia. E o coração desta notícia é Jesus de Nazaré, uma palavra–presença-promessa entre nós. O Jubileu é um compromisso com a libertação da nova escravidão, das aparentes liberdades e, acima de tudo, da libertação interior.

Em última análise, o Ano Santo, em seu significado de fé, é um verdadeiro meio pedagógico com o qual a Igreja educa e guia o povo fiel e todo bom crente a questionar questões fundamentais e importantes.

É por isso que o Ano Santo traz consigo o significado religioso de uma renovação interior, de uma conversão dos sentimentos pessoais, de uma reforma das nossas mentalidades. Portanto, todos nós somos chamados a viver com intensidade espiritual a experiência do Jubileu. É uma oportunidade a ser encarada com alegria e consciência, evitando qualquer superficialidade. Cada um de nós deve sentir-se chamado a elaborar sobre si mesmo e em si a renovação religiosa e moral como o Ano Santo quer chegar. Será uma oportunidade especial para que os crentes reflitam sobre sua vocação genuína à santidade da vida, se impregnem da Palavra de Deus, que ilumina e desafia; e reconheçam Cristo que vai ao seu encontro, que os acompanha nas vicissitudes de sua caminhada pelo mundo e se entrega a eles pessoalmente, especialmente na Eucaristia.

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