Após transmitir Sua autoridade, Jesus fala dos sofrimentos que os discípulos deverão enfrentar. Ensina com particularidades que nos remetem ao nascimento da Igreja. Nas horas difíceis da perseguição, todos lembravam: “Jesus nos avisou”! Podemos, assim, compreender melhor a exortação do Evangelho: “não temais”, repetido três vezes. De fato, o medo é um grave impedimento ao anúncio do Evangelho e à sincera confissão da fé. O Evangelho não pode ficar escondido. Anunciá-lo atrai perseguições, expõe aos perigos das trevas deste mundo, mas não permitirá que sejamos renegados por Deus. Por quê? Porque há uma consolação no sofrimento: o Pai tudo vê!
A dor faz parte da vida. E a vida tem se tornado muito exigente. O ritmo acelerado leva ao desânimo. Jesus dá um norte: não temais! Que não cansemos nessa urgência de ir ao encontro dos que padecem e já não têm mais forças. Mesmo que nosso valor esteja acima do que valem dois pássaros, tenhamos o coração simples como os pássaros. Somente um coração simples é capaz de acolher a graça que Deus nos envia todos os dias. Se a simplicidade ocupar espaço em nosso coração, brotará em nós um vigor transformador, um poder que gritará ao mundo a verdade do Evangelho; com bondade serena: a bondade que vem do coração e que não está no tom da voz. Certamente que não é novidade: há gente boa que é explosiva; e há pessoas más que são caladas, quietas e calmas.
Jesus não prometeu vida tranquila aos seus seguidores. Satanás, sim: ele acena com tempos ordeiros. Todavia, mesmo derrotado, subjugado, jamais se dará por vencido. Nosso alento é que o Cristo nos deixou a Eucaristia: o Pão que ajuda a ultrapassar o temor, que dá força, paz, consolação e alegria, mesmo na perseguição. A Eucaristia renova a certeza da derrota do mal e da vitória do Cordeiro Imolado.
Às vezes, carregamos “o fardo” sozinhos porque a falta de fé, o orgulho, impedem que dobremos os joelhos e nos coloquemos nas mãos de Deus. Ele quer nos aliviar de todo sofrimento. Quem já experimentou o jugo escravizador do pecado tem sempre uma opção segura: aceitar o reinado de Jesus. No entanto, é imperioso que haja mudança de postura: a vida em Cristo é exigente. Se viemos de Deus, seremos felizes se a Ele voltarmos. Seremos tanto mais felizes quanto mais buscarmos as coisas do Alto.
Convido à fidelidade na oração; à participação da Santa Missa; à frequente comunhão eucarística; ela nos fortalece para sermos no mundo sinais do amor de Deus. Que a Eucaristia de hoje seja um recomeço. Mudar é preciso. E recomeçar, mais ainda! São os ciclos de nossa vida: caminhar, cair, levantar, superar, aprender… e recomeçar. Tudo pode ser mudado. Tudo poderá tomar um rumo agradável a Deus se você estiver em comunhão com o Pai, com o Filho e se deixar conduzir pelo Espírito Santo.