Nesta primeira semana de dezembro, iniciamos o ano novo litúrgico com a catequese do evangelista Marcos. A cada domingo, iremos conhecer Jesus a partir dos escritos do evangelista. Estamos iniciando o tempo do Advento em preparação à celebração do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo. É um tempo de alegre espera do Deus que vem nos encontrar, tempo de conversão e de escuta da Palavra. A Igreja nos diz que “Revestido de nossa fragilidade, Ele veio a primeira vez para realizar seu eterno plano de amor e abrir-nos o caminho da salvação. Revestido de sua glória, Ele virá uma segunda vez para conceder-nos em plenitude o que hoje, vigilantes esperamos”.
No primeiro domingo do Advento, a liturgia nos chama a atenção para que estejamos vigiando: “Vigiai, para que vindo de repente, não vos encontre dormindo”. Em meio a tantas incertezas, dificuldades e mentiras, é preciso ter atenção e cuidado. Não podemos nos deixar ser tomados pela distração e pela superficialidade. Vale a pena um olhar focado no outro para ouvir seu grito e enxugar suas lágrimas. No outro, encontramos feridas a serem curadas, dons a serem valorizados e sempre um companheiro para nos ajudar a carregar a carga que pesa a cada dia. Esse olhar atento no entorno do pequeno espaço que ocupo, bem como no horizonte infinito do mundo que me envolve, leva-me a compreender que ali o Senhor me colocou para defender a vida.
O texto do Evangelho reporta a figura do porteiro que tem a responsabilidade de ficar atento a quem entra e quem sai para dar tranquilidade aos que estão sob a sua responsabilidade. Na vida, quem dorme ou cochila permite que sua casa seja invadida por coisas erradas que podem deixar marcas profundas. Assim, o cristão deve estar atento a tudo o que está acontecendo ao seu redor, e por meio de iniciativas, encher a casa de boas obras, não permitindo que “nenhuma atividade terrena impeça de correr ao encontro do Menino, mas instruídos pela sua sabedoria, participemos da plenitude da sua vida”.
O profeta Isaías diz que, ao desviar do caminho do Senhor, todos se tornaram imundice e todas as obras se parecem com um pano sujo, murcharam todos como folhas e as maldades foram empurradas com o vento. A imundice fez com que o povo perdesse sua terra, seu templo e fosse deportado para outro país, sendo tratado como escravo. No entanto, é dessa sujeira que Deus vai fazer uma obra maravilhosa e o sonho do povo escravo vai se realizar: o Céu vai se romper e Deus armará tenda em nosso meio. Advento é tempo de limpar nossas imundices e deixar que do barro que parecia sujeira, Deus faça em nós uma obra maravilhosa.
O apostolo Paulo, percebendo que a comunidade de Corinto tinha perdido o entusiasmo inicial e voltava a cometer os vícios da vida passada já superados, lembra que a comunidade fora enriquecida em “toda palavra e em todo conhecimento”, mas que era preciso “perseverar num procedimento irrepreensível”. Os acontecimentos da vida, a ação pastoral nos desafiam a ter atitudes novas de superação. É perigoso deixar ser engolido pela rotina.
A mística que nos envolve neste tempo do Advento e a palavra que nos provoca há de clarear nossas mentes para andarmos por caminhos que favoreçam a chegada do Deus Menino que ao nosso encontro vem. Sejamos mais intensos na escuta da Palavra, mais comunitários na participação na Novena do Natal, mais reconciliados na procura do sacramento da Penitência (Confissão) e mais irmanados e humanizados, pois é desse jeito que faz bem estar para encontrar o Deus Menino.