São Francisco de Assis, filho do rico comerciante senhor Pietro Bernardone e da senhora Pia, pertencia a uma família nobre de Assis. Na juventude, ele desfrutava da riqueza de forma ostensiva. Um encontro místico com Jesus Cristo levou Francisco a uma transformação radical, renunciando à riqueza e decidindo seguir a Jesus, uma escolha considerada absurda aos olhos de seu pai e de muitos de sua época. O ideal de vida abraçado por Francisco inspirou e continua a inspirar inúmeras pessoas ao longo dos séculos. Foi esse ideal que me atraiu quando jovem, sentindo-me chamado à vida religiosa para seguir a Jesus Cristo, a exemplo de São Francisco.
Naquele momento, era necessário tomar decisões e fazer escolhas diante de outros projetos possíveis de vida. Saber escolher é um dom, e optar pelo Reino de Deus é uma demonstração de sabedoria. A sabedoria é a capacidade de discernir e escolher o melhor para a nossa vida. Escolher não é uma tarefa fácil e priorizar requer discernimento. De fato, a vida é feita de escolhas, e escolhas envolvem renúncias. Na dinâmica da vida, a cada passo à frente abandonamos coisas, e o que levamos adiante são as escolhas que nos acompanham. Nossas escolhas moldam nosso futuro. Portanto, saber escolher é um dom que requer sabedoria, a qual nos é concedida pelo Espírito Santo, um dom de Deus. O homem sábio escolhe o caminho que Deus propõe, o caminho da vida e liberdade.
No evangelho segundo Marcos (10,17-30), encontramos a história do jovem rico que, após observar os mandamentos desde a juventude, pergunta a Jesus o que precisa fazer para herdar a vida eterna. Jesus, com amor, desafia-o a vender todos os seus bens, dar o dinheiro aos pobres e segui-Lo. Desconcertado, o jovem vai embora, pois esperava herdar o Reino de Deus apenas observando a Lei, sem abraçar a dinâmica da partilha e da justiça. Essa narrativa nos convida a refletir sobre o desapego e as prioridades em nossas vidas.
Muitas vezes, nós nos deparamos com escolhas difíceis entre seguir a Cristo de maneira radical e manter nossas seguranças materiais e confortos. Essa passagem nos desafia a examinar se estamos dispostos a renunciar ao que consideramos valioso para abraçar a proposta de vida que Jesus nos oferece. Como a carta aos Hebreus (4,12a), afirma: “A Palavra de Deus é viva, eficaz e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes”.
Somos interpelados a avaliar se colocamos a busca pelo Reino de Deus em primeiro lugar, se estamos dispostos a partilhar com os necessitados e se estamos, de fato, seguindo a Cristo de forma integral. Quando priorizamos nossos bens materiais em detrimento do Reino, Jesus destaca a dificuldade de um rico entrar no Reino dos Céus.
A passagem em que Pedro diz “Eis que nós deixamos tudo e te seguimos” nos desafia quando nos apegamos aos bens materiais em busca de segurança. A Palavra de Deus nos convida a repensar nossas prioridades e a considerar se estamos dispostos a sacrificar nossas próprias seguranças em prol do Reino de Deus.
Volto meu olhar para a vida do Pai São Francisco e reafirmo o meu chamado: “Eis-me aqui Senhor, deixando tudo para te seguir!”