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Fundação da Igreja: as fake news exploram o tema

A Igreja Católica tem origem com Jesus Cristo, nos seus ensinamentos e nos apóstolos, discípulos que Jesus enviou para continuar sua missão. Um dos marcos simbólicos dessa origem temos em Mateus 16,18, quando Jesus diz a Simão: “Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja.” 

O Papa Leão XIV é o 267º sucessor de Pedro como Pastor e líder espiritual da Igreja Católica Apostólica Romana. A sucessão apostólica é um dos fundamentos da ligação direta dos Papas a Pedro. 

Outro momento a ser considerado, inclusive frequentemente tido como o “nascimento público” da Igreja, é o Pentecostes, narrado em Atos 2,1-4, quando alguma coisa aconteceu: “Todos ficaram repletos do Espírito Santo e eles começaram a falar outras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia de se exprimirem.” 

Naquele momento, os apóstolos, temerosos com tudo o que estava acontecendo, recebendo o Espírito Santo, encontram forças para anunciar a Ressurreição do Messias, de Jesus, o Filho de Deus. 

Jerusalém estava plena da presença dos judeus que vinham de outras localidades para a festa. Ouvindo a pregação dos apóstolos, milhares se converteram e com a volta destes peregrinos convertidos às suas regiões, iniciam-se as comunidades na diáspora judaica. 

Nessa Igreja nascente, há a realização do Primeiro Concílio: o Concílio de Jerusalém, que ocorreu em 49 d.C., no Século I, muito antes de Constantino, que viveu muito depois, no século IV d.C. 

A fake news a que me refiro no título deste artigo é aquela que circula na internet, de modo insistente e sem qualquer fundamento, querendo atribuir a Constantino a fundação da Igreja. Nada mais sem consistência e anacrônico. 

A intenção é confundir, dando ao Édito de Milão, de 313 d.C., com o qual Constantino oficializou a Igreja já existente e encerrando séculos de perseguições dos romanos aos seus membros, como sendo um fato gerador da Igreja Católica. 

Reescrever a história com inverdades, com base em distorções sobre Constantino, é uma forma grave de manipulação ideológica, o que já ocorreu na Idade Média, inclusive com falsificação de documentos. 

A Igreja Católica sempre tomou posição clara contra as fake news. Recentemente, houve a inclusão de prece especial nas missas dominicais de várias paróquias em uma tentativa de combater a cultura da desinformação nas redes sociais. 

De 8 a 12 de agosto, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) promoveu o curso on-line Fake News, Religião e Política”, com 500 participantes. 

Em maio, o Papa Leao XIV expressou sua preocupação: “Há tão pouco diálogo ao nosso redor; gritos muitas vezes o substituem, não raramente na forma de notícias falsas e argumentos irracionais propostos por algumas vozes altas”; e reforçou a necessidade de “reflexão e estudo mais profundos”, pois os sinais dos tempos pedem uma pausa, um momento para “redescobrir, articular e cultivar a missão [da Igreja] de educar para o pensamento crítico”. 

Diante da desinformação, é necessário buscar fontes confiáveis, verificar dados e formar o espírito crítico. Temos a responsabilidade de proteger a verdade e promover a paz. 

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