Igreja sinodal e missionária

Outubro, “mês das missões”, inicia com a comemoração de Santa Teresinha, Padroeira dos missionários.

Jovem monja carmelita, falecida aos 24 anos de idade sem nunca ter ido a algum “território de missão”, ela ardia de amor pela Igreja, oferecia sua vida e rezava continuamente pelos missionários. Com vários deles em países distantes, ela manteve intensa troca de cartas para os animar e encorajar no serviço missionário. Santa Teresinha é um exemplo de como também se pode ser missionário sem sair de casa.

A primeira semana de outubro deste ano, no Vaticano, está sendo marcada por intensas atividades preparatórias à celebração da 1ª parte da assembleia do Sínodo sobre a “Igreja sinodal”. O Papa Francisco chamou a Igreja inteira a refletir sobre si mesma: afinal, quem tu és, Igreja de Cristo? Para que existes? Como te deves apresentar ao mundo para seres aquilo que Jesus espera de ti?

A Igreja precisa ser “sinodal”, ou seja, ser unida e não dividida; seus membros precisam caminhar juntos e se interessar uns pelos outros. Não podem andar dispersos, de modo individualista, cada um pensando apenas em si. A Igreja precisa viver em comunhão, em torno de Jesus Cristo, Mestre, Pastor e Senhor da Igreja. Em comunhão de fé, no mesmo “creio” da Igreja, vivendo do mesmo patrimônio da fé apostólica cultivada pela comunidade eclesial. Em comunhão na Palavra de Deus, na mesma Eucaristia, na mesma esperança e no mesmo mandamento do amor a Deus e ao próximo. Em comunhão com os legítimos pastores, o Papa, os bispos que estão em comunhão com ele. Na Igreja-comunhão, quantas intrigas, rixas entre irmãos, partidos, ciúmes e pequenas ou grandes guerrinhas poderão ser superadas!

A Igreja sinodal que Jesus deseja é participativa, inclusiva e não excludente. É preciso superar a identificação pura e simples da Igreja com o clero; a Igreja de Cristo não é uma instituição clerical, mas a comunidade de todos os batizados. Nela, todos participam dos bens da graça divina, do patrimônio da fé, da Palavra de Deus e das dores da santificação. Nela, existem dons e carismas diversos, e todos os membros da Igreja têm parte, de algum modo, na vida e na missão da Igreja. Nem todos fazem a mesma coisa. Reconhecemos os dons e capacidades diversas dos membros da Igreja, mediante os quais cada um colabora com a vida e missão da Igreja. Quanta necessidade temos de tornar mais participativa nossa Igreja.

Enfim, a Igreja sinodal que Jesus desejou é missionária. É formada por um povo enviado em missão, após ter recebido tantos bens da graça de Deus. Os dons de Deus não devem ficar retidos, ou escondidos, mas partilhados e postos a serviço do anúncio e do testemunho do Evangelho para que produzam frutos de vida e santidade para si e para a vida da Igreja. Temos a necessidade de uma grande retomada missionária em nossas comunidades, para continuarem a viver e a transmitir a fé e o patrimônio espiritual, que nós herdamos de Jesus e dos apóstolos e das gerações de cristãos e filhos da Igreja que o testemunharam com grande dedicação e alegria e tantas vezes de forma heroica, na perseguição e no martírio.

Outubro é o mês das missões em toda a Igreja. É para tomarmos consciência renovada de que nossa Igreja é missionária pela sua mesma natureza. Ela nasceu para ser missionária e existe para isso. Muitas podem ser as iniciativas missionárias em nossas comunidades. Antes de tudo, a oração na intenção das missões, dos missionários e das Igrejas jovens, que estão nascendo do trabalho dos missionários. Ao mesmo tempo, podemos interessar-nos pela vivência religiosa de outras pessoas, sobretudo de nossos próprios familiares afastados da Igreja e da prática da fé. Há muito espaço missionário crescendo em nossas famílias e nos ambientes de nossa convivência cotidiana. Quando lhes falamos de Deus e da nossa fé, não lhes estamos propondo algo prejudicial, mas algo muito bom para suas vidas. Podemos tornar-nos mais missionários, apoiando e incentivando quem de nós é conhecido e está vacilante na fé, com o risco de perder a fé e o contato com a comunidade eclesial.

Enfim, como indicado pelo sínodo arquidiocesano: precisamos tornar mais missionárias nossas comunidades. Estas são o verdadeiro “sujeito da missão” e precisam manter viva a consciência missionária nos seus membros e propor iniciativas que envolvam e estimulem a todos para a missão. Que a comunidade cristã fervorosa e motivada missionariamente vá produzir muitos frutos. Mas, se falta a motivação missionária, a comunidade torna-se como uma fruteira que não recebe água e adubo; ela adoece, envelhece rápido e deixa de produzir frutos.

Faço votos de que o Sínodo que está sendo celebrado sobre a “Igreja sinodal” ajude a Igreja inteira a se renovar na comunhão, participação e missão. E que os Santos Apóstolos e missionários intercedam por nós.

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