O José Antônio, do Sacomã, me escreveu com a seguinte dúvida: “Padre, ir a missa, comungar e depois ingerir bebida alcóolica com a família e os amigos em algum evento, pode ser considerado pecado?”
Meu irmão, eu quero lembrar, em primeiro lugar, que Jesus escolheu como matéria para o sacramento da Eucaristia o pão e o vinho. Ora, todos nós sabemos muito bem que o vinho é uma bebida alcoólica. Além disso, em toda a história, o vinho é símbolo de alegria, de festa. Há quem afirme, talvez com uma saudável preocupação de combater os efeitos negativos do mau uso das bebidas alcoólicas, que nas bodas de Cana Jesus transformou água em suco de uva. Não é verdade. Tanto que o mordomo daquela festa de casamento ouviu os convidados dizerem, após Jesus ter transformado a água em vinho: “É costume nas festas servir primeiro o vinho bom. Depois que as pessoas estiverem embriagadas, o vinho menos bom. Tu, porém – disseram – deixaste o melhor vinho para agora.” Jesus, colocou naquela festa, quando as pessoas estavam já meio embriagadas, mais seiscentos litros de bom vinho.
O vinho, portanto, tomado com moderação, aquece as pessoas, descontrai, favorece a comunicação. Sem moderação, porém, tanto o vinho quanto qualquer outra bebida alcoólica é prejudicial às pessoas. Tanto que em grande número de paróquias nós vemos grupos de alcoólicos tentando se libertar da bebida. É que o alcoolismo nelas se configura como uma doença incurável. E vale a pena participar de alguns daqueles encontros de Alcoólicos Anônimos ou da Associação Antialcoólica do Estado de São Paulo. Nesses encontros, os dependentes se ajudam mutuamente e se comprometem a evitar o primeiro gole.
Agora, se uma pessoa comunga e logo depois vai a uma festa e bebe uma bebida alcoólica. Pode? Eu devolvo a pergunta, pedindo para considerar o que eu vou dizer. Se a bebida alcoólica é ingerida com moderação, apenas brindando a alegria da festa, e em comunhão de alegria e fraternidade com os presentes, tudo bem. Não dá para dizer que isso é pecado, não é mesmo?
Agora, se a pessoa comungou e foi para uma festa e se encharcou de bebida alcoólica, embriagou-se, ficou inconveniente, estragou a alegria da festa com sua bebedeira, aí as coisas mudam de figura… Alguém que de repente se esquece da profunda intimidade com Cristo que é a comunhão e bebe, bebe, bebe, bebe, sem o mínimo respeito por si mesmo e por sua família, este alguém mesmo que não tenha comungado peca contra a unidade da família e da Igreja. Pecou contra a sua consciência, contra si mesmo e contra os irmãos na fé. E se esta pessoa mal acabou de comungar, pior ainda, não é mesmo?
Será que me fiz entender? Tomara que sim. Vamos orar pelos nossos irmãos dependentes químicos de todas as drogas… do abuso do álcool inclusive.