5º Domingo do Tempo Comum |7 DE FEVEREIRO DE 2021
“Não é acaso uma luta a vida do homem sobre a terra?” (Jó 7,1). Nascer é uma luta, que comporta choro e dor. O sustento cotidiano é uma luta. A formação profissional, a educação dos filhos, o cultivo da oração, a resistência às tentações, a velhice, a doença, as adversidades… Tudo é luta! E não deixaremos este mundo sem um último e decisivo combate: a morte. A palavra agonia vem de agōn e significa “luta”.
Por isso, São Paulo manda: “Combate o bom combate da fé!” (1Tm 6,12). Pertencemos à “Igreja Militante”, e a Crisma nos tornou “soldados de Cristo”. Não podemos temer a luta diária! Quando nos faltarem forças, digamos: “O Senhor é minha luz e salvação, de quem eu terei medo?” (Sl 26,1) e lembremos deste conselho: “Fortifica-te na graça que está em Cristo Jesus” (2Tm 2,1). O consolo e a força jamais faltarão a quem os busca no Senhor.
Há também um combate espiritual contra três inimigos claros: a carne, o mundo e o diabo. A “carne” é o inimigo interno, nossa sujeição à soberba, ao egoísmo, à gula, à preguiça e à impureza. “Não faço o bem que quero, mas faço o mal que não quero” (Rm 7,19)… É preciso lutar sem cessar, submetendo-nos a certa disciplina na oração, nos alimentos, no trabalho e no uso do tempo. Afinal, “os atletas se abstêm de tudo para ganhar uma coroa perecível; nós, porém, para ganharmos uma imperecível” (1Cor 9,25).
O “mundo” é a mentalidade – na qual vivemos imersos – de uma sociedade que ignora Deus. Dotado de falsos valores, falsos heróis e de um falso moralismo, o mundo rejeita a piedade, os Mandamentos e a Cruz de Cristo. Propaga erros, injustiças, vaidades e esperanças vãs. Corrompe até mesmo a religião, adaptando-a às ideias do momento, ao comodismo e ao pecado. São Tiago denuncia: “Não sabeis que a amizade com o mundo é inimizade com Deus?” (Tg 4,4).
O diabo é o conhecido tentador, o semeador das discórdias, dos pensamentos obsessivos, dos desejos de suicídio, dos adultérios, dos sacrilégios e das apostasias. Incita a alma a pecar para depois atirá-la, como com Judas, no remorso estéril. Perverte o senso de justiça, transformando-o em ódio. Revolta contra a dor e endurece corações. Retira a simplicidade para que, preso nos próprios pensamentos, o homem não olhe para Deus, não se confesse e não encontre paz e perdão. Não à toa, Jesus “expulsou muitos demônios” (Mc 1,34), e São Paulo afirmou que combatemos “contra os espíritos do mal” (Ef 6,12).
No Evangelho, o Senhor dá um exemplo de como se preparar para as lutas: “De madrugada, quando ainda estava escuro, levantou-Se e foi rezar num lugar deserto” (Mc 1,35). Ele ensinou aos apóstolos: “Vigiai e orai para não cairdes em tentação, pois o espírito está pronto, mas a carne é fraca” (Mt 26,41). A oração é o sustento necessário para se vencerem as batalhas! É um remédio potente contra o pecado, o egoísmo, a tristeza, o desespero e a soberba. Aliada à “espada do Espírito, que é a palavra de Deus” (Ef 6,17), a oração nos levará à vitória!