A multiplicação dos pães

17º Domingo do Tempo Comum – 25 de julho de 2021

O Evangelho segundo São João (Jo 1-12) apresenta-nos sete grandes “sinais” realizados por Jesus. “Sinais” são milagres feitos com a finalidade de que “creiamos que Jesus é o Cristo, Filho de Deus, e para que, crendo, tenhamos a vida eterna” (cf. Jo 20,31). O “sinal” central é a multiplicação dos pães.

Por meio dela, Jesus se revela como Deus, que domina a natureza e mantém a vida dos homens. Ele O confirmou nos versículos seguintes, enquanto caminhava sobre as águas. Para acalmar os apóstolos, aplicou a si mesmo a expressão que, no Antigo Testamento, designava o Nome de Deus: “Sou Eu (‘egō eimi’). Não tenhais medo!” (Jo 6,20). 

Além disso, por meio deste “sinal” da multiplicação, o Senhor levou aqueles israelitas famintos a se recordarem de Moisés, por meio de quem Deus fizera chover maná no deserto (cf. Ex 16); de Elias, por meio de quem o Senhor multiplicara a farinha na casa da viúva (cf. 1Rs 17,8ss); e de Eliseu, que alimentara cem soldados com apenas vinte pães (cf. 2Rs 4,42ss). Mostrava assim que Nele se cumpriam as Escrituras. E preparava o coração de seus ouvintes para afirmar pouco depois, utilizando novamente o apelativo divino: “Eu sou o Pão da Vida” (Jo 6,35).

Embora não tenha se tratado propriamente da Eucaristia (que seria instituída somente na Última Ceia), a multiplicação dos pães predispôs os discípulos a acreditarem na verdade das palavras: “A Minha Carne é verdadeira comida e Meu Sangue é verdadeira bebida” (Jo 6,55). Se Cristo era capaz de multiplicar o alimento corporal, poderia – de um modo somente por Deus conhecido – multiplicar também a Sua misteriosa presença no Santíssimo Sacramento por toda a terra. Ele demonstrava com este “sinal” que “para Deus nada é impossível” (Lc 1,37)! 

Com efeito, na Santa Missa, depois da Consagração, em cada partícula e em cada fragmento da Hóstia Santa, Ele se encontra presente substancialmente: Seu Corpo, Seu Sangue, Sua Alma e Sua Divindade. Em cada sacrário, sobre cada altar, nas mãos de cada sacerdote, na língua de cada fiel, ali está Ele! O Senhor não se divide e não fica menor quando as sagradas espécies são repartidas: Ele se dá inteiro a cada um dos que comungam. 

Cinco pães e dois peixes se converteram em alimento para cinco mil homens… E menos ainda – uma hóstia e um pouco de vinho – são convertidos diariamente no Alimento que fará ressuscitar para a vida um número incalculável de homens e mulheres de todas as raças, línguas, classes sociais e nações. Este é o grande Milagre prenunciado pela multiplicação dos pães! 

Que a sua contemplação nos faça admirar a generosidade do Senhor, que se compadece de nossa fome física e espiritual. Que creiamos que, por meio do pouco que nós somos e possuímos, Ele realizará uma grande obra de salvação. E que a Virgem Maria, que deu à luz o Senhor em Belém (a “Casa do Pão”), nos ajude a receber sempre a Eucaristia com fé, reverência e amor, para que seja sempre o nosso alimento espiritual. 

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