À medida que nos aproximamos do término do ano litúrgico, as leituras da Santa Missa recebem contornos apocalípticos. Passam a tratar mais diretamente sobre o “final dos tempos” e o retorno de Cristo para exercer o Juízo Universal.
As expressões são fortes e misteriosas: “grande tribulação” (Mc 13,24); “um tempo de angústia, como nunca houve até então” (Dn 12,1). Ocorrerão sinais cósmicos: “o sol vai escurecer, e a lua não brilhará mais, as estrelas começarão a cair e as forças do céu serão abaladas” (Mc 13,24s). Quando tudo isso ocorrer, saber-se-á que o tempo se cumpriu… Mas, para que não nos percamos em especulações sobre quando isso acontecerá, Jesus deixa muito claro: “Quanto àquele dia e hora, ninguém sabe, nem os anjos do céu nem o Filho, mas somente o Pai” (Mc 13,32).
Ao ouvir falar sobre o “final dos tempos”, muitos cristãos se angustiam ou sentem medo. É uma reação natural. Porém, isso talvez aconteça por não percebermos suficientemente que a segunda vinda de Cristo é, na verdade, uma boa notícia: “Nesse tempo, teu povo será salvo, todos os que se acharem inscritos no Livro” (Dn 12,1). Longe de constituir uma desgraça, para aqueles que amam a Deus, esse será o momento da verdadeira libertação.
Os vivos não terão mais dúvidas: “Vereis o Filho do Homem vindo nas nuvens com grande poder e glória” (Mc 13,26). As almas dos fiéis defuntos reunir-se-ão aos seus corpos, que por ora “dormem no pó da terra”. Todos – vivos e mortos – serão reunidos para o Veredito sobre a história, sobre as nações e sobre os homens. Cada qual receberá a recompensa por suas obras. A justiça será exercida, a verdade dos corações será mani- festada, os projetos dos poderosos serão revelados. Os caminhos dos bons e dos ímpios se separarão definitivamente, pois irão “uns para a vida eterna, outros para o desprezo eterno” (Dn 12,2, cf. Mt 25,46).
Então, realizar-se-ão definitivamente as promessas das bem-aventuranças: os pobres em espírito possuirão o Reino dos Céus; os mansos, a nova terra; os que choram serão consolados; os famintos e sedentos de justiça, saciados; os misericordiosos saborearão a misericórdia do Senhor; os puros de coração verão a Deus sem véus; os que foram perseguidos, caluniados e amaldiçoados por serem cristãos fruirão a sua grande recompensa (cf. Mt 5,1-12)!
A segunda vinda de Cristo será precedida de grandes tribulações para confirmar definitivamente o total domínio de Deus sobre a História. Todos constataremos iniludivelmente que aquilo que é “irremediável” para homens pode ser sanado por Deus em apenas um instante. A esperança no “final dos tempos” é para nós a certeza de que a salvação definitiva não pode ser construída por mãos humanas, mas vem-nos do Céu.
“Eu levanto os meus olhos para os montes, de onde pode vir o meu socorro. Do Senhor é que me vem o socorro, do Senhor que fez o Céu e a terra” (Sl 120,1). Vinde, Senhor Jesus!