A segunda vinda de Cristo

Iniciamos o tempo do Advento. Nesta preparação para o Natal, unir-nos-emos à espera dos Profetas, de São João Batista e da Virgem Maria pelo nascimento e manifestação do Redentor. No primeiro domingo, meditamos sobre as “duas vindas de Cristo. O Prefácio do Advento I expressa assim essa realidade: “Revestido da nossa fragilidade, Ele veio a primeira vez para realizar seu eterno plano de amor e abrir-nos o caminho da salvação. Revestido de sua glória, Ele virá uma segunda vez, para conceder-nos em plenitude os dons prometidos que hoje vigilantes esperamos”. 

A celebração do Menino de Belém, pobre e “envolto em faixas” (Lc 2,12), é precedida pela consideração de que o mesmo Cristo “será visto chegando nas nuvens, com grande poder e glória” (Mc 13,26). A alegria e a confiança profundas de nos encontramos com “Maria, José e o recém-nascido deitado numa manjedoura” (Lc 2,16) é preparada pela meditação sobre do Dia do Senhor (cf. 1Cor 1,8), no qual Jesus “enviará os seus anjos e reunirá os seus eleitos dos quatro ventos, das extremidades da terra até os confins do céu” (Mc 13,27).

No Natal, o Senhor assume um Corpo semelhante ao nosso para nos salvar; no Juízo Universal, Ele ressuscitará os nossos corpos para nos julgar. A Igreja ensina que seremos julgados pelo Senhor imediatamente após a morte, no Juízo Particular. Além disso, porém, no final do tempos, todos os homens serão ressuscitados e comparecerão diante do Senhor para que se torne pública a sentença sobre as ações, palavras e pensamentos de cada um.

As ações humanas – boas ou más – possuem efeitos que transcendem as nossas vidas. As escolhas individuais repercutem nos filhos, amigos, alunos e, de certo modo, em toda a sociedade. Os efeitos do bem e do mal praticados por um santo, por um intelectual, governante, formador de opinião, bispo ou sacerdote podem perdurar por muitas gerações. No Juízo universal, a História humana terá sido concluída e cada qual receberá a retribuição por tais efeitos.

Esse Juízo público servirá para reabilitar os justos que, em vida, foram incompreendidos, caluniados e injustiçados. Ao mesmo tempo, exporá os maus que se passaram por virtuosos neste mundo. A verdadeira História das nações, da Igreja e dos indivíduos será contada. Nessa ocasião, todos compreenderão a ação da Providência divina ao longo dos séculos. Entenderemos porque Deus permitiu certos males e permaneceu em silêncio diante de tantas injustiças.

O nosso corpo é instrumento de todo o bem e do mal que praticamos: orações, obras de caridade, sacrifícios, relações com o próximo, trabalho, pecados etc. Por meio da ressurreição definitiva que precederá o Juízo Universal, a perfeita unidade entre alma e corpo será restabelecida; então, todos receberemos, inclusive fisicamente, o prêmio ou o castigo eternos merecidos. 

A consideração da segunda vinda de Cristo deve nos impelir ao amor e à conversão. Ao mesmo tempo, deve ser fonte de esperança e de alento em meio às dificuldades! 

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