O Advento é um tempo litúrgico marcado pela virtude teologal da esperança. Ao longo de quatro semanas, reviveremos a espera dos profetas e justos do Antigo Testamento pela vinda do Salvador. Alimentaremos o desejo pela parusia, isto é, pela segunda vinda de Cristo, quando Ele estabelecerá o seu Reino definitivo. Buscaremos, também, contemplar com gratidão e docilidade a visita silenciosa que o Senhor, qual orvalho que cobre a relva na madrugada, faz às almas que O esperam e amam.
Por isso, a cor litúrgica neste período será o roxo, representativo da esperança. Também por isso, Jesus nos convida no Evangelho: “O que vos digo, digo a todos: vigiai!” (Mc 13,37). A esperança e a vigilância do Advento têm a finalidade de fazer aumentar o desejo de estar com o Senhor. Para tanto, utilizaremos expedientes exteriores, como a montagem de um presépio em casa e as decorações e comidas típicas de Natal. Empregaremos, porém, principalmente, práticas interiores, tais como a Confissão, a Novena de Natal e a contemplação dos Evangelhos da infância do Senhor. Desse modo, desejaremos mais intensamente a vinda do Menino!
Procuraremos, apesar dos atropelos de fim de ano, alimentar um espírito de oração intensa e de despojamento. Muitos escolhem alguma penitência ou obra de piedade para praticar no Advento. Refletiremos sobre o ano que passou, com as suas alegrias e dores. Agradeceremos ao Senhor por tudo, pediremos perdão pelas faltas cometidas e imploraremos mais graças, para que o Natal nos traga um novo fôlego. Este foi um ano com particulares dificuldades para todos. Temos muito a pedir e a reparar diante do Senhor.
O início de um novo ano litúrgico pode marcar também um recomeço para a vida de fé. Olhando para a frente, dizemos uma vez mais, com sinceridade: Senhor, hoje recomeço! A Confissão de Advento, se bem-feita, nos dará nova injeção de fé e de esperança. Agora que o ciclo da vida espiritual recomeça, Deus nos dá mais uma chance. Aproveitemos a sua bondade e paciência!
A esperança cristã não está alicerçada na expectativa de que “tudo correrá bem” e, no final, as coisas “darão certo”. A esperança sobrenatural que o Senhor nos dá é a certeza atual da sua presença; a consciência clara de que Ele governa e rege a História e nossas vidas; e a firme convicção que Cristo dará a vida eterna a todos os que Nele creem, esperam e amam. Uma alma repleta de confiança no Senhor encontra alicerce mesmo quando se sente fraquejar. Não confia em si, na saúde, na inteligência, no êxito ou outros recursos, mas somente em Deus.
A esperança do Advento nos levará a enxergar além do visível a olho nu. Fará com que vejamos que nasceu um Menino em Belém; que “Deus é fiel” (1Cor 1,9) e vem em breve nos salvar; e que “os sofrimentos do tempo presente não são nada em comparação com a glória que irá se manifestar em nós” (Rm 8,18). Afinal, “é na esperança que fomos salvos” (Rm 8,24)! Que os nossos corações estejam repletos da santa esperança em Deus!