O Evangelho, que significa “boa notícia”, é um convite à alegria. Para anunciar à Virgem Maria a vinda de Cristo, o arcanjo Gabriel cumprimentou-a dizendo: “Alegra-te, cheia de graça!” (Lc 1,28). Jesus comparou o perdão dado por Deus à alegria experimentada por um pai que reencontra o seu filho perdido. Encorajando-nos a suportar as tristezas deste mundo em vista da vida eterna, Ele exortou: “Alegrai-vos e exultai, pois grande será a vossa recompensa nos céus” (Mt 5,12).
Há uma alegria estável, própria da fé em Cristo, que possui raízes na consciência da proximidade de Deus. Ele fez-se homem; trouxe-nos o perdão; está na Eucaristia; habita a alma em graça; e promete-nos a vida eterna! Podemos dizer com todo o coração: “Exulto de alegria no Senhor e minha alma regozija-se em meu Deus” (Is 61,10)! Por essa razão, a antífona inicial do “Domingo Gaudete” nos pede: “Alegrai-vos sempre no Senhor, alegrai-vos! O Senhor está perto” (Fl 4,4s).
O estado de ânimo momentâneo pode ser condicionado pelas circunstâncias melhores ou piores da vida, por fatores do temperamento ou mesmo pela saúde psíquica. Para além disso, contudo, podemos encontrar, no fundo da alma, uma alegria espiritual discreta e constante. Ela será muitas vezes o sustento para a luta cotidiana e a força para se seguir adiante. Quando sentirmos faltar a alegria, é preciso meditar as palavras de São Paulo: “Estai sempre alegres! Rezai sem cessar. Dai graças em todas as circunstâncias, porque esta é a vontade de Deus a vosso respeito, em Jesus Cristo. Não apagueis o espírito!” (1Ts 5,16ss).
“Rezar sem cessar” é o que faz com que o espírito não se apague. A oração cotidiana renova, como um bálsamo, a unção da alma e permite enxergar os acontecimentos com os olhos de Deus. Aqueles que conseguem passar o dia em diálogo com o Senhor, pensando Nele, adorando-O e oferecendo-Lhe suas obras, encontram uma alegria muito mais fina e duradoura que aquela oferecida por uma boa comida, pelo descanso ou outros prazeres sensíveis.
Em especial, é preciso “dar graças em todas as circunstâncias”. Há quem se afunde, por ingratidão, em um estado de ânimo tenebroso. Tem os olhos viciados, direcionados ao mal. Vê razões para se lamentar em tudo, e vai se tornando incapaz de reconhecer (e agradecer) as inumeráveis coisas boas (grandes ou pequenas) que Deus e os outros lhe fazem. Acaba por perder a liberdade interior e a alegria… Não! É preciso dar graças em tudo, “esta é a vontade do Senhor”!
Para se reencontrar a alegria, é preciso também ser generoso com Deus e com os outros. Quando nos comprometemos a servir e pensar nos demais, os motivos de lamentação vão gradativamente desaparecendo; diminuem os sentimentos de autocompaixão; e esquecemo-nos de nós mesmos. Afinal, “há maior alegria em dar do que em receber” (At 20,35).
Com um olhar mais “de Deus”, reconhecendo que Ele está perto, veremos a verdade destas palavras de Cristo: “A vossa tristeza se transformará em alegria” (Jo 16,20).