Solenidade de São Pedro e São Paulo – 04/07/2021
Celebramos o martírio dos apóstolos Pedro e Paulo. “Mártir” significa, em grego, “testemunha”. A lei de Moisés proibia a condenação de um réu sem ao menos duas testemunhas (cf. Dt 19,15). O Novo Testamento confere ao termo o significado de “anunciador” do Senhor: “Vós sereis minhas testemunhas até os confins da terra” (At 1,8). Até mesmo Jesus é chamado de “a Testemunha” (Ap 1,5). E, de modo particular, a Igreja emprega a palavra “mártir” para designar aqueles que são mortos por se recusarem a renegar a fé. São Paulo designa Santo Estêvão, o protomártir, como “a testemunha” (mártys) do Senhor (At 22,20).
São Pedro e São Paulo eram as principais colunas da Igreja, responsáveis, respectivamente, pelo apostolado aos judeus e aos pagãos. Mortos na perseguição aos cristãos de Roma, um pela cruz e outro pela espada, tornaram-se as duas principais testemunhas de que a fé em Jesus Cristo é inegociável. Consagraram com o próprio sangue o solo da Cidade Eterna, que se tornou, por isso, a Sede principal da Igreja e tem os dois como Patronos. A eles se uniram incontáveis irmãos martirizados também sob o imperador Nero, chamados Protomártires de Roma. Mais tarde, uma infinidade de jovens, velhos, crianças, homens, mulheres, ricos e pobres, que se recusaram a renegar a fé em Cristo, regariam com ainda mais sangue aquela terra.
O martírio era tão presente na Igreja que somente São Martinho de Tours, que viveu no século IV, seria proclamado o primeiro santo não mártir. Crucificados, atirados ao óleo fervente e às feras, queimados vivos, elevados como tochas humanas, guilhotinados, abandonados à inanição, degolados, esfolados, afogados ou fuzilados, cristãos morreram, morrem e morrerão por considerarem a Verdade e o Amor a Deus como o bem maior. Eles são a glória da Igreja até o fim dos tempos! Coroados no Céu, são aqueles que, com palmas nas mãos, venceram a grande tribulação.
Alguns deles perderam a vida por se recusarem à apostasia ou à conversão ao Islã. Outros por se recusarem a um simples gesto como incensar um ídolo ou se ajoelhar diante dele; ou pisar numa imagem de Cristo, da Virgem ou num rosário. Outros, como o Batista e Tomás More, morreram por defenderem a verdade sobre o Matrimônio indissolúvel. Outros, como São Carlos Lwanga e Santa Maria Goretti, por se recusarem a satisfazer os desejos impuros de homens pervertidos. Outros, como os 49 mártires da Abissínia, simplesmente por participarem da Santa Missa.
Diante do pecado e dos erros do mundo, São Pedro, São Paulo e todos os mártires dizem com força e caridade “Non possumus – Não podemos”! São um antídoto aos escândalos que deformam diariamente as consciências. O seu testemunho é um grito de “basta”! Não podemos ser homens volúveis que aceitam tudo! Com o próprio sangue, testificam que Deus é o bem supremo e denunciam a gravidade do pecado. Suas existências são um prolongamento da Paixão do Senhor, estrelas em meio à noite escura; e seu sangue é semente de novos cristãos.