Assunção de Nossa Senhora

Em 1950, o Papa Pio XII declarou ser verdade revelada que “a imaculada Mãe de Deus, a sempre virgem Maria, terminado o curso da vida terrestre, foi assunta em corpo e alma à glória celestial”. No momento da morte, nossa alma se separará do corpo para comparecer à presença de Deus; o corpo apodrecerá, aguardando a ressurreição do último dia. Nossa Senhora, ao contrário, foi imune à corrupção do sepulcro e já se encontra no Céu em corpo e alma.

Séculos antes da declaração papal, porém, incontáveis igrejas, cidades e congregações religiosas eram já dedicadas a Nossa Senhora da Assunção, da Glória, da Dormição, da Boa Morte ou a outros títulos ligados a esse mistério. O Rosário, transmitido pela Virgem a São Domingos, já continha a Assunção como o seu quarto mistério glorioso. A liturgia já celebrava a Assunção de Maria com solenidade. A lex orandi da Igreja e a piedade popular testemunhavam, assim, um fato que foi ensinado pelos apóstolos e sobre o qual escreveram também os Padres da Igreja – os primeiros autores cristãos doutos e santos.

São João Damasceno, por exemplo, relacionava o fato da Assunção com a Virgindade de Maria: “Convinha que aquela que no parto manteve ilibada virgindade conservasse o corpo incorrupto mesmo depois da morte”. A fé cristã, repleta de amor à Mãe de Deus, logo compreendeu que, já que a corrupção do corpo é fruto do pecado original, a Assunção da Virgem decorria de sua singular santidade: “Ó Maria, o vosso corpo virginal é totalmente santo, totalmente casto, totalmente domicílio de Deus, de forma que, por este motivo, foi isento de desfazer-se em pó” (São Germano de Constantinopla).

A Assunção, afinal, é um privilégio que decorre da Imaculada Conceição da Virgem, de Ela ter sido preservada do pecado original. Decorre também do fato de ser Ela a Mãe de Deus! Percebendo isso, o doutor São Roberto Belarmino escreveu: “Horroriza-se o espírito só em pensar que aquela carne que gerou, deu à luz, alimentou e transportou a Deus, se tivesse convertido em cinza ou fosse alimento dos vermes”. Jesus quis que sua Mãe já estivesse plenamente consigo no Céu.

Este mistério nos preenche com esperança de participar da glória eterna com Maria. Afinal, Deus nos ressuscitará no último dia e a Virgem foi à nossa frente! Constatando que o materialismo retirou de muitos corações a obediência a Deus e o desejo da vida eterna, Pio XII dizia sobre a Assunção que “é de esperar que este luminoso e incomparável exemplo, posto diante dos olhos de todos, mostre com plena luz qual o fim a que se destinam a nossa alma e o nosso corpo”. E por fim augurava “que a fé na assunção corpórea de Maria ao céu torne mais firme e operativa a fé na nossa própria ressurreição”.

Que a certeza de que temos uma Mãe no Céu nos leve a imitar as virtudes de Maria: seu amor a Jesus Cristo, sua fé em Deus, sua humildade e sua pureza. E que cantemos com fé: “Com minha Mãe, estarei na santa glória um dia, junto à Virgem Maria, no Céu triunfarei”!

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