‘Estarei convosco todos os dias, até o fim do mundo’

Na Ascensão, Jesus não se afastou deste mundo. Continua vivo e presente entre nós, mas de uma maneira diversa. Os Atos dos Apóstolos narram assim esse acontecimento: “Uma nuvem o ocultou de seus olhos” (At 1,9). Ele continua conosco, porém de modo invisível. Isso acontece primeiramente na Hóstia consagrada, na qual Jesus está inclusive fisicamente, em Corpo, Sangue, Alma e Divindade. Mas, além disso, é Ele quem age nos demais sacramentos; quem fala quando a Igreja ensina o Evangelho; quem atua nas obras de caridade dos cristãos.

Dizer que Cristo “está sentado à direita do Pai” significa que o seu Corpo ressuscitado – o mesmo que recebemos na Comunhão – já entrou na glória. Ele está “bem acima de toda a autoridade, poder, potência e soberania” e possui “tudo sob os seus pés ” (Ef 1,20-21). Mas não está longe! Pois prometeu: “Eis que eu estarei convosco todos os dias, até o fim do mundo” (Mt 28,20).

Paradoxalmente, na Ascensão, o Senhor “se foi” para estar ainda mais próximo. Mas não apenas na Galileia e na Judeia… Em todas as igrejas do mundo em que uma lâmpada arde ao lado do Sacrário, ali está o Senhor! Em todas as missas, ali está o seu único Sacrifício! Em todas as Confissões, é Ele quem diz “Eu te absolvo”. Em cada alma em graça, Ele é o Hóspede. Tudo isso sem restrições de tempo e lugar.

Seria falta de humildade não reconhecer que tudo o que há de verdadeiramente santo e bom neste mundo – como os sacramentos e a vida dos santos – é, em última análise, uma obra de Jesus Cristo. Pois o mesmo Senhor que disse “sem mim nada podeis fazer” (Jo 15,5) continua vivo na sua Igreja, conferindo-lhe eficácia e fidelidade. Aquela força que segundo o Evangelho “saía Dele e curava a todos” (Lc 6,19), levando a multidão a comprimi-lo para ao menos tocar a orla do seu manto, continua em plena eficácia. A ação silenciosa de Jesus é o que leva a Igreja adiante.

Além disso, o Senhor subiu aos Céus para que permaneçamos com Ele também depois desta vida! Na Última Ceia, Ele havia dito: “Vou preparar-vos um lugar” (Jo 14,2). Quando o seu Corpo glorificado sentou-se no trono celestial reservado ao Filho de Deus, a natureza humana adquiriu um espaço no Céu. Esta nossa natureza “um pouco menor do que os Anjos”, que o Verbo assumiu, foi finalmente “coroada de honra e glória” (Hb 2,7). Portanto, Ele foi porque quer que estejamos com Ele!

A Ascensão leva-nos a crer sem ainda ter visto o Senhor. Por isso, serve para nos aumentar a fé. Torna a nossa esperança e caridade mais sobrenaturais, pois nos ensina a viver com o desejo direcionado para o Céu. De lá o Senhor retornará, para julgar vivos e mortos, e para nos fazer participar com Ele da vida eterna. Afinal, “a nossa Pátria está nos Céus, de onde também esperamos ansiosamente, como Salvador, o Senhor Jesus Cristo, que transfigurará nosso corpo humilhado, conformando-o ao seu Corpo glorioso” (Fl 3,20s).

guest
0 Comentários
Inline Feedbacks
Veja todos os comentários