Felizes os Santos!

A Igreja celebra em uma só festa todos os que já se encontram na glória do Céu, canonizados ou não. Louvamos a Santíssima Trindade pela Virgem Maria, por São José, pelos Apóstolos, os Mártires, os Doutores, as Virgens e por todos os Santos. Bendizemos a Deus também por nossos antepassados que já se encontram na glória! Rezamos pelo descanso eterno de todos, pois não sabemos quais entre os nossos caros estão no Céu; podemos, porém, supor que alguns deles já contemplam a face de Deus com os Santos.

Este dia nos recorda a vocação do cristão: Deus Pai “escolheu-nos antes da criação do mundo para sermos santos e sem mancha na sua presença pelo amor” (Ef 1,4). Recebemos a graça santificante e fomos unidos a Cristo no Batismo não para levarmos uma vida medíocre ou sermos apenas “honestos”… Deus nos escolheu para a perfeição da caridade! Por isso, São Paulo exorta: “Esta é a vontade de Deus: a vossa santificação” (1Ts 4,3). Assim, o Concílio Vaticano II formulou aquele que talvez seja o seu ensinamento mais importante: “Todos os cristãos são chamados e obrigados a tender à santidade e à perfeição do próprio estado” (Lumen gentium 42).

A cada ano, na Solenidade de Todos os Santos, a Igreja propõe o Evangelho das “bem-aventuranças” ou “beatitudes”. Nele, Jesus declara que são “beatos”, isto é “felizes”, os pobres em espírito, os aflitos, os mansos, os famintos e sedentos de justiça, os misericordiosos, os puros de coração, os promotores da paz, os perseguidos e os caluniados (cf. Mt 5,1-12). Essas beatitudes são um retrato da vida de Cristo e dos seus Santos. Estes, embora passando pela “grande tribulação” (Ap 7,14), são verdadeiramente felizes, pois cumpriram a finalidade para a qual foram criados: conhecer, amar e servir a Deus neste mundo para, assim, alcançar a vida eterna com Ele no Céu. Os santos são felizes já na terra e o são muitíssimo mais ainda no Céu.

Hoje, o chamado mundo ocidental possui o sumo da “felicidade” materialista: variedade e requinte gastronômico; conforto nunca imaginado pelas gerações passadas; infinitas formas de entretenimento; extrema facilidade para a comunicação; viagens relativamente acessíveis por todo o mundo; eficácia médica jamais conhecida… Temos aparentemente “tudo”! No entanto, paradoxalmente, a tristeza, a depressão, o vazio, a inquietação, a falta de sentido e o desespero se instalam e se propagam de um modo extraordinário, alcançando até mesmo jovens e crianças. Afinal, o que nos falta?

Falta a pobreza em espírito, resumo de todas as bem-aventuranças. Falta perceber que “uma só coisa é necessária” (Lc 10,42): conhecer e amar Nosso Senhor Jesus Cristo. Falta que nos esvaziemos de nós mesmos e das preferências egoístas, que paremos de idolatrar as pessoas e as coisas, projetando nelas uma felicidade à margem de Deus. Falta romper com o pecado. Somente Deus e sua vontade nos tornarão eternamente felizes, pois fomos feitos para Ele! Afinal, “quem a Deus tem nada lhe falta; só Deus basta!” (Santa Teresa).

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