13º Domingo do Tempo Comum – 27/06/2021
A Sabedoria diz que “Deus não fez a morte, nem tem prazer com a destruição dos vivos. Ele criou todas as coisas para existirem” (Sb 1,13s). A “morte” não se refere somente ao decesso físico, mas inclui todo tipo de sofrimento, pecado, ruína espiritual e, principalmente, a condenação eterna. Deus nos criou para a felicidade e para a vida eternas. “Foi por inveja do diabo que a morte entrou no mundo” (Sb 2,24), quando a antiga serpente incitou nossos primeiros pais ao pecado. E assim, “todos pecaram e estão privados da glória de Deus” (Rm 3,23). Todos os filhos de Adão participam solidariamente da morte e de suas consequências: desordem, ignorância, pecado, sofrimento e fraqueza.
A morte, com a dor, a desintegração e o vazio que comporta, é uma passagem necessária que expressa o estado de fragilidade a que estamos submetidos neste mundo. O declínio físico, a tristeza da separação e a corrupção da carne – que aguarda a ressurreição final – representam, no plano corporal, o estado espiritual do homem necessitado de redenção. Cristo se submeteu à morte e ressuscitou justamente para nos libertar deste “corpo de morte” (Rm 7,24), para nos restituir a vida eterna e nos dar um corpo glorioso.
No Evangelho, Jesus salva duas mulheres da morte. A primeira é uma menina de apenas 12 anos. Representa a inocência; fora acometida por uma doença precoce e, depois de dolorosa agonia, não resistiu. Diante das súplicas do pai Jairo, Nosso Senhor decide fazer um milagre e profere a frase misteriosa que se aplica a todos os que morrem em Cristo: “A criança não morreu, está dormindo” (Mc 5,39). Com a morte e a ressurreição de Cristo, também nós “acordaremos” para a vida eterna.
A outra mulher representa a impureza. Tinha de doença o mesmo tempo que a primeira tinha de vida: havia 12 anos que sofria uma hemorragia. A perda de sangue é perda contínua de vida. Além disso, a hemorragia, segundo a concepção judaica, a tornava impura. Ela procurara muitos médicos, gastara tudo o que tinha, mas não encontrou a cura. Representa, assim, os que buscam em muitos lugares o sentido da vida, a solução para seu vazio interior e para a dor, mas se tornam cada dia mais fracos e acabados. Finalmente, ela encontrou o Salvador!
Jesus tem a delicadeza de curar primeiro a mais velha, já que o Médico veio primeiro para os mais enfermos. Além disso, Ele quis assim encorajar o pai da pequena para que não perdesse a fé ao receber a notícia da morte da filha e ao ouvir os choros e gritos das carpideiras. Pois bem, receosa por causa de sua “impureza”, a mulher se aproximou por trás de Jesus e tocou com temor apenas a barra de seu manto. Dele, que tudo sabe, saiu uma força que a curou. “Filha, disse o Senhor, tua fé te curou.” Ela se tornou “Filha” – uma “menina” – de novo. Quanto à pequena, o próprio Jesus a pegou pela mão, e ela começou a andar e a comer.
Uma e outra foram atingidas pela força da morte, uma e outra foram salvas pelo único Redentor que vence a morte.