15º Domingo do Tempo Comum – 11/07/2021
Deus nos escolheu, antes da criação do mundo, para sermos santos (cf. Ef 1,4). No Batismo, marcou-nos com o selo do Espírito e derramou em nós a riqueza de sua graça. Deu-nos a conhecer sua vontade por meio de Jesus Cristo, por quem recebemos o perdão dos pecados. Somos, por isso, chamados à santidade. Não fomos feitos para o egoísmo, para o materialismo ou para a mediocridade! Existimos para amar o Senhor e o próximo com coração generoso.
Alguns, à semelhança dos apóstolos, são chamados a estar exclusivamente com Ele e ser enviados em seu Nome. Os que, pelo sacramento da Ordem, receberam o sacerdócio ministerial, participam dos poderes que pertencem a Deus de expulsar demônios e perdoar pecados por meio da Confissão; de atualizar o Sacrifício de Cristo e torná-lo presente na Santa Missa; de santificar e curar os enfermos pela santa Unção; de anunciar o Evangelho em seu Nome, abençoando, santificando e conduzindo, como pastores, o povo de Deus.
Para os ministros ordenados, vale o mandato de “não levar nada para o caminho, a não ser um cajado; nem pão, nem sacola, nem dinheiro na cintura” (Mc 6,8). Um ministério sobrenatural, como é o sacerdócio, embora necessite obviamente de recursos materiais, deve se apoiar primeiramente sobre os meios sobrenaturais: oração, penitência, caridade e pobreza. Se esses elementos essenciais forem negligenciados, a missão se enfraquece, desorienta-se e deforma-se. Os sacerdotes precisam, sim, de bens materiais, para empregá-los no culto e nas obras de caridade; para Deus e para os irmãos, devem oferecer o melhor! Contudo, se desejam a fecundidade espiritual e apostólica, eles próprios devem viver de modo austero.
Também os leigos que querem ser homens e mulheres de oração e desejam aproximar os demais da fé devem aprender o valor das palavras: “Felizes os pobres em espírito pois deles é o Reino dos Céus” (Mt 5,3). A pobreza não se confunde com o espírito de “pão-duro” nem com o desleixo. Consiste em se reconhecer que os bens materiais não são um fim em si mesmos e que, sendo-nos dados pelo próprio Deus (não somente por “nosso trabalho”), são como “talentos” que o Senhor nos empresta para que sejam investidos em vista da sua glória e do bem do próximo.
São Paulo situa a avareza – apego desordenado aos bens – ao lado de vícios como a impureza, a imoralidade, as paixões e os desejos maus, e a qualifica como “uma idolatria” (Cl 3,5)! Um coração apegado à riqueza e àquilo que a riqueza traz – poder, prazer e vaidade – estará sempre preso ao chão deste mundo; jamais subirá às alturas do Céus e nunca verá a Deus, cuja face é reservada aos puros de coração (cf. Mt 5,8). O avarento não tem paz, pois vive ávido para ganhar ou aflito para não perder o que já tem. O egoísmo lhe pesa e amesquinha.
É preciso, pois, contentar-nos com uma vida justa, sóbria e temperante, livre de excessos. Que Cristo seja nosso grande tesouro e o sumo Bem! Assim, nosso coração será livre para “voar” até Deus e o próximo.