Unidos no amor a Deus e à Igreja e na morte sofrida por causa da fé

SOLENIDADE DE SÃO PEDRO E SÃO PAULO

Apresentado a Jesus por André, Pedro foi o primeiro Apóstolo a reconhecê-lo como Messias e Filho de Deus (cf. Mt 16,16). Cedeu a Ele a barca numa das primeiras pregações; presenciou os discursos e milagres de Sua vida pública; e aprendeu do Senhor muitas coisas ao pé do ouvido. Viu a Transfiguração; a ressurreição da filha de Jairo; caminhou sobre as águas; esteve na Última Ceia, tendo os pés lavados pelo Mestre; orou com Jesus no Getsêmani. Quando Ele perguntou se os Apóstolos queriam ir embora com a multidão que o deixava, Pedro se adiantou aos demais e respondeu: “A quem iremos? Só tu tens palavras de vida eterna!” (Jo 6,68). 

Chegou a negar o Senhor por três vezes, é verdade. Mas isso não lhe impediu de receber uma missão absolutamente singular: “Tu és Pedro e sobre esta pedra construirei a minha Igreja, e o poder do inferno nunca poderá vencê-la. Eu te darei as chaves do Reino dos Céus: tudo o que tu ligares na terra será ligado nos céus” (Mt 16,18s). E ainda: “Confirma os teus irmãos!” (Lc 22,32); “Apascenta as Minhas ovelhas!” (Jo 21,16). Foi o primeiro Papa e o líder do apostolado junto aos judeus. 

São Paulo, ao contrário, não conviveu com Jesus. Conheceu-O somente ao cair por terra na estrada de Damasco, quando, sob o reflexo de uma luz, o Senhor lhe perguntou: “Por que me persegues?” (At 9,4). Ele mesmo diria: “Não mereço ser chamado Apóstolo, pois persegui a Igreja de Deus” (1Cor 15,9). Sem falsa modéstia, contudo, afirmaria mais tarde: “Trabalhei mais do que todos os apóstolos. Não eu, mas a graça de Deus em mim” (1Cor 15,10). Foi o maior missionário da Igreja, consumindo-se pela salvação dos gentios. 

Com personalidade forte e reta, uma vez repreendeu ao próprio Pedro publicamente (cf. Gl 2,14). Quando preso, levou à conversão o carcereiro: “Crê no Senhor Jesus e serás salvo tu e a tua casa!” (At 16,31). Orgulhava-se de ter sofrido muito pelo Evangelho: açoites, naufrágios, assaltos, deserto, falsos irmãos, vigílias, jejuns, frio e a responsabilidade para com toda a Igreja (cf. 2Cor 11,23ss). Prestes a morrer, deixou-nos um maravilhoso testemunho: “Agora está reservada para mim a coroa da justiça, que o Senhor, justo Juiz, me dará; e não somente a mim, mas também a todos os que esperam com amor a Sua manifestação gloriosa” (2Tm 4,8). 

Suas vidas, tão diferentes, se uniram no amor a Deus e à Igreja e na morte sofrida por causa da fé! Pedro, segundo a Tradição, foi crucificado com a cabeça para baixo; Paulo foi decapitado. Um pela cruz outro pela espada, santificaram com seu sangue o solo de Roma. O sentido de suas vidas – literalmente gastas por amor a Deus e ao próximo – pode ser resumido nestas belas palavras: “Eu tenho certeza de que nem a morte, nem a vida, nem os Anjos, nem os principados, nem o presente, nem o futuro, nem as potestades, nem as alturas, nem os abismos, nem outra qualquer criatura nos poderá separar do amor de Deus manifestado em Cristo Jesus Nosso Senhor” (Rm 8,38s). 

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