Mamães, não se confundam: amor e sentimentalismo são absolutamente diferentes

Estamos no início do ano letivo. Para muitos, será a primeira experiência escolar, e para tantos outros, o retorno a uma rotina mais exigente e que demanda certa responsabilidade. 

Na verdade, especialmente para as mães de crianças pequenas, nunca foi tão fácil deixá-las ao cuidado de outras pessoas. Assim sendo, a adaptação é sempre uma experiência para ambas: mamãe e criança. 

Embora a adaptação escolar seja o exemplo que estou usando para abordar o tema central desse artigo, não é sobre ela que me deterei, mas sobre o comportamento destemperado que vem se tornando cada vez mais comum entre as mães. 

Parece que agora, para demonstrar o amor ao filho, é preciso sentir pena, ou como está mais em alta dizer “empatia” pelas aflições, dificuldades ou desafios das crianças. É comum mães competirem na porta da escola sobre quem está sentindo mais falta da criança nos momentos em que estão na escola, quem está mais insegura em relação à adaptação escolar, quem fica mais preocupada com o que pode estar acontecendo enquanto estão longe de seus olhos. Desculpem a minha sinceridade, talvez certa dureza em tratar o assunto, mas alguém precisa despertá-las. 

É preciso que entendam de uma vez por todas, mamães, que quem ama quer o bem do outro. Portanto, quer que a criança se sinta segura, encorajada para enfrentar as novas experiências. Mães que amam focam ajudar as crianças a superar as inseguranças e não suas próprias inseguranças. Amar, mais do que sentir algo pela criança, é decidir fazer o melhor por ela, custe o que custar. 

Essa mentalidade sentimentalista está atrapalhando demais o desenvolvimento saudável das crianças e, embora não pareça, trata-se de um egoísmo tão impregnado que nem sequer percebemos. 

Muitas mães me dizem: “Chego muito tarde à minha casa, quase na hora de colocar as crianças para dormir. Então, como tenho somente esse tempo com elas, não abro mão. Deito-me na cama com elas, fico conversando até tarde, trocando de cama para contentar a todas, até dormirem. Sei que não é o melhor, mas é o meu momento com as crianças.” 

Bem, então além do prejuízo da ausência prolongada da mãe, a criança sofre também o prejuízo do tempo de sono adequado e da falta de autonomia para adormecer? Sei que não há deliberada consciência do prejuízo, porém, é evidente o egoísmo, não é mesmo? 

Também nas portas das escolas se pede encarecidamente que as mães não se façam visíveis às crianças em adaptação, que possibilitem que a criança faça vínculo com a professora. Isso será o melhor para ela. No entanto, a mãe ficar aparecendo o tempo todo deixa a criança insegura e a pequena terá dificuldade de se entregar ao vínculo com a professora. Mesmo assim, quantas mães querendo olhar, entrar, filmar, dar um tchau, mais um beijinho… sem confiar que os profissionais ali cuidarão e farão o que for melhor para a adaptação. 

Se não confiam, não deixem os filhos na escola. Escolham o que lhes transmite confiança e transmitam essa confiança aos pequenos. Esse é o melhor para eles. 

E, cuidado: não caiam na armadilha moderna de achar que esse “sentimentalismo melado” é sinal de amor, de empatia com os sentimentos da criança, de acolhimento ao que ela sente. Adultos maduros e amorosos identificam a necessidade da criança, visualizam o potencial que ela tem e se vinculam com ela de modo a acolher e impulsionar. Acolher e oferecer segurança. Apostar na capacidade que ela tem de superação e, com maturidade, ajudá-la a transformar esse potencial em ato. 

Sim, a mãe que ama forma os filhos para a vida e, com alegria, acompanha o crescimento deles. Que lindo ver a criança entrando feliz na escola, mesmo que depois de uns dias de dificuldade. Que alegria ver os pequenos adormecendo sozinhos e se sentindo “grandes” por isso. 

Os sentimentos são maravilhosos e precisam ser vividos; no entanto, precisamos direcioná-los ao bem e não nos tornarmos escravos deles, ou seja, pessoas imaturas. 

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