‘Minhas ovelhas escutam a minha voz’

4º DOMINGO DA PÁSCOA

A imagem do pastor de ovelhas é bastante presente nas Escrituras. Abel, Davi e Moisés apascentavam rebanhos. No imaginário bíblico, um rei ou líder religioso deveria conduzir e proteger o seu povo como um pastor às suas ovelhas. O próprio Deus é comparado a um Pastor que guia as almas dos fiéis: “O Senhor é o pastor que me conduz, não me falta coisa alguma” (Sl 22,1). 

Vendo a maldade e a omissão dos líderes que havia estabelecido sobre a terra, o Senhor prometera: “Eu mesmo cuidarei do meu rebanho e dele me ocuparei” (Ez 34,11). Essa profecia se concretizou com a vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo, que revelou com clareza: “Eu sou o bom Pastor” (Jo 10,11). Cristo é Deus que se fez homem para apascentar pessoalmente o seu rebanho. 

Não à toa, os primeiros a saber do seu nascimento em Belém foram pastores de ovelhas. Ao ver a multidão que ainda não o conhecia, Jesus afirmou compadecido que eram “como ovelhas que não têm pastor” (Mt 9,36). Justificando a sua caridade para com os pecadores, propôs a parábola da ovelha perdida que foi procurada, encontrada e carregada nos ombros pelo pastor. Não se trata de uma metáfora sentimental! Nosso Senhor indica o traço característico dos seus discípulos: “As minhas ovelhas escutam a minha voz, Eu as conheço e elas me seguem” (Jo 10,27). 

Se pertencemos a Jesus, prestamos atenção a seus ensinamentos, por meio da oração e da escuta da sua palavra. Além de ouvi-lo, procuramos pôr em prática o que sabemos. Deste modo, somos capazes de guardar o dom sobrenatural da fé e de não nos confundirmos com a voz enganosa dos erros e modismos do mundo. Não ficamos desorientados, pois reconhecemos, como que por meio de um “faro”, o que é de Deus e o que não é. Por isso, em outra passagem o Senhor diz: “Todo aquele que é da verdade escuta a minha voz” (Jo 18,37).   

Mas, se Jesus é o Pastor e nós somos “o seu povo, o rebanho que conduz com Suas mãos” (cf. Sl 94,7), para onde afinal Ele nos conduz? Para a vida eterna! Cristo não veio apenas nos mostrar um estilo de conduta, dar a uma vida segura, ou formar uma comunidade com certos objetivos comuns. Os “verdes prados” e as “águas repousantes” (cf. Sl 22) para os quais Ele nos encaminha são o Céu, esse é o fruto de sua Morte e Ressurreição! Por isso, Ele diz: “Eu lhes dou a vida eterna e minhas ovelhas não se perderão” (cf. Jo 10,28); e os Atos narram que “todos os que eram destinados à vida eterna abraçaram a fé” (At 13,48). A salvação nos vem por meio da fé em Jesus Cristo operante por meio da caridade.  Na antiguidade, uma das imagens mais encontradas nos sepulcros cristãos era a de Cristo Pastor. Os primeiros cristãos já sabiam bem que, depois das tribulações desta vida e do purgatório, aqueles que creem “nunca mais terão fome, nem sede. Nem os molestará o sol, nem algum calor ardente. Porque o Cordeiro será o seu pastor e os conduzirá às fontes da água da vida” (Ap 7,16-17).

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