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Nossa Senhora Rainha 

A festa de Nossa Senhora Rainha, celebrada no dia 22 de agosto, está relacionada com a Assunção: Maria é elevada ao Céu e recebida como Rainha. Ela é a primeira criatura a subir ao Céu em corpo e alma. É recebida como Rainha e Senhora de toda a Criação e coroada pelas Três Pessoas Divinas: Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo. A sua coroação como Rainha é um grande momento no Céu. Imaginamos que Jesus a abraça fortemente e José está radiante de felicidade, porque a Sagrada Família se reúne novamente no Céu. 

Os textos da Liturgia nos ajudam a entrar neste mistério. Isaías proclama: “Nasceu-vos um menino, foi-nos dado um filho… Ele traz nos ombros a marca da realeza… Grande será o seu Reino” (Is 9,5;6). Reino universal: tudo está submetido a Ele: todas as criaturas, todas as forças da natureza. A imensidão do Céu, os trilhões de galáxias, a redondeza da Terra: os mares, as montanhas, todos os seres animados. Jesus é Rei. É o Filho de Davi. Mas seu Reino é superior ao de Davi, porque é um Reino celestial, e não um reino da Terra: “O meu Reino não é deste mundo!” (Jo 18,36), disse Jesus a Pilatos. E Maria é Mãe do Rei. Podemos entendê-lo claramente pelas palavras do Arcanjo na Anunciação: “O Senhor lhe dará o trono de Davi, seu pai. Ele reinará para sempre na casa de Jacó e o seu Reino não terá fim.” (Lc 1,26-28). 

Podemos visualizar a realeza de Maria em três sentidos: em primeiro lugar, por sua união com Cristo, em virtude da Maternidade divina: ela é Mãe do Rei, Jesus, Rei do Universo, e, portanto, é Rainha. Rainha Mãe. Mas não devemos ver a sua realeza de uma forma meramente figurativa, como grande parte das rainhas da Terra, que simplesmente estão ao lado do rei mas não governam ou têm um poder muito pequeno. Ela se dirige a Jesus com a autoridade de Mãe: “Filho, por que fizeste isso conosco?” (no episódio do Menino perdido no templo). 

Em um segundo sentido, Maria é Rainha por ter pleno domínio de si: nunca esteve sujeita ao pecado, ao demônio; nunca foi oprimida pelo orgulho, pela vaidade; nunca sentiu o menor movimento de mau humor, de chateação, de impaciência. Maria exerce um controle perfeito sobre seu mundo interior e suas reações, seus pensamentos, desejos e palavras. Por isso, é uma mulher encantadora, extremamente simpática, sempre sorridente e amável: a pessoa mais doce e simples que o mundo conheceu. 

Finalmente, vemos um terceiro sentido: a realeza de Maria deve-se ao fato de estar intimamente associada a seu Filho na obra da Redenção, no momento em que Jesus conquistou o Reino do Céu, no sacrifício do Calvário. Ao lado da Cruz, Maria uniu-se a seu Filho, renunciou a si própria e a seus direitos de Mãe: sofreu junto com seu Filho. Assim, ela é corredentora: conquistando junto do Filho o seu Reino, com sua fidelidade, com seu amor a toda prova, cumprindo até o fim a sua missão de Mãe, sendo consolo para Jesus no momento de profunda dor. Assim se expressa o Concílio Vaticano II: “Padeceu juntamente com seu Filho, associando-se com coração de Mãe ao seu sacrifício, consentindo com amor na imolação da vítima que dela nascera” (Lumen gentium, n.58). Portanto, a sua realeza não foi meramente honorífica: é corredentora e, como consequência, Rainha por direito de conquista, intercedendo diante de seu Filho, Jesus. 

Vamos, neste Ano Jubilar, renovar a nossa esperança suplicando-lhe: “Salve Rainha, Mãe de Misericórdia, vida, doçura e esperança nossa!” 

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