O Papa aos jovens: não tenham medo

A Jornada Mundial da Juventude 2023 (JMJ) encerrou-se em Lisboa no domingo, dia 6 de agosto, com a celebração da Eucaristia no Campo da Graça, junto à Ponte Vasco da Gama sobre o Rio Tejo. O evento teve a participação extraordinária de mais de um e meio milhão de pessoas, debaixo de um céu inteiramente azul e uma temperatura que chegou aos 39 graus centígrados.

Francisco tratou os jovens com afeto paternal e os convidou a terem a coragem da fé e da esperança, a não se abaterem diante das dificuldades da vida. Quem se cansa, não tem mais vontade de fazer nada e as forças lhe fogem, refletiu o Papa. E o que é preciso fazer quando isso acontece na vida? É preciso recuperar as forças na fonte: no renovado encontro com Jesus Cristo na Palavra de Deus, na oração e na Eucaristia. Lembrando o tema da JMJ – “E Maria levantou-se e partiu apressadamente” – o Papa exortou: É preciso levantar-se, sem demora! Quem fica prostrado no desânimo não chega a lugar nenhum! A vida requer a coragem de ir atrás do seu sonho, sem contentar-se com pequenas ilusões. Tenham a coragem de remar contra a corrente!

Aos jovens, que cantavam em grande coro – “esta é a juventude do Papa!” – ele indicou a raiz da mais alta motivação: Creiam no amor de Deus por vocês. Cada um de vocês é importante, porque é amado por Deus. Amado pessoalmente, como um pai ama seu filho. Deus sabe que você existe e conhece também o seu nome. Foi impressionante como essa reflexão e os momentos de prece ecoaram no coração dos jovens, como era perceptível no silêncio total de uma multidão de mais de um milhão de jovens reunidos.

Francisco externou várias vezes a sua alegria por ver a resposta dos jovens a seu convite. E lembrou também os jovens ausentes e aqueles que, por muitos motivos, não puderam participar da JMJ. Com dor, referiu-se aos jovens que, em seus países, são obrigados a enfrentar a guerra e o combate contra outros jovens. Lembrou os jovens da “querida Ucrânia” e observou que são várias as guerras atualmente em curso no mundo. Referindo-se à sua peregrinação a Fátima, no dia 5 de agosto, confessou que, apesar de idoso, ele conserva um sonho juvenil: ver o mundo sem guerra e em paz. E convidou os jovens a rezarem com ele pela paz.

Na despedida da multidão de jovens, aos quais uniu-se uma pequena multidão de sacerdotes acompanhantes, de cerca de 800 bispos e uns 25 cardeais, Francisco convidou todos a levarem no coração as mais belas imagens e recordações desta JMJ. Foram numerosos os encontros ao longo desses dias, que mostraram que é possível tecer uma cultura do encontro, em vez do conflito; que o perdão e a misericórdia restauram a vida, como mostrou a tocante via-sacra; que é possível ser cristão e ser jovem, cheio de alegria e esperança. “Levem consigo e não esqueçam as coisas belas vivenciadas nesta JMJ e as contem aos seus colegas e amigos, quando chegarem a suas terras e a suas casas”, disse o Papa.

“Não tenham medo”, repetiu o Papa diversas vezes, lembrando que, na Bíblia, em numerosas passagens, aparece essa mesma exortação da parte de Deus e de Jesus. “Não tenhas medo, pois estou contigo! (Mt 14,27; At 27,24). Aos apóstolos, que remavam com dificuldades por causa da tempestade no mar, e se voltaram para Jesus gritando – “Mestre, salva-nos!” – Ele respondeu “Por que tendes tanto medo, homens de pouca fé?” (Jo 6,18-20). Aos jovens, por vezes abalados e temerosos diante dos problemas do mundo e das próprias dificuldades, o Papa repetia: “Não tenham medo! Sigam em frente, caminhem!”

A JMJ deixou marcas e representou uma parábola da vida: mover-se, peregrinar, ir ao encontro, compartilhar solidarizar-se, cansar, realimentar-se, seguir em frente… E também conferir muitas vezes o itinerário, para não perder o rumo que leva à meta buscada. Foi uma experiência humana rica e uma vivência cristã impagável para os jovens que dela participaram. E, para continuar oferecendo essas oportunidades aos jovens, o Papa anunciou o Jubileu da Juventude em Roma, no Ano Santo de 2025, e a próxima JMJ, em 2027, em Seul, Coreia do Sul.

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