‘O tempo em que uma Mãe der à luz’ 

O Advento tem uma dinâmica própria. No início, refletimos sobre a segunda vinda de Cristo; em seguida, sobre as profecias – especialmente de Isaías – acerca do Messias; e, depois, contemplamos a figura de São João Batista, o Precursor. Agora, às portas da grande festa do Natal, meditamos mais detidamente sobre a Virgem Maria. 

Após séculos de espera, é chegada a salvação: “Quando veio a plenitude do tempo, Deus enviou o seu Filho, nascido de mulher e sujeito à lei” (Gl 4,4). Deveria cumprir-se o que havia sido predito pelos profetas: “Eis que uma virgem conceberá e dará à luz um filho, e o chamará Emanuel, Deus conosco” (cf. Is 7,14); e ainda: “Deus deixará seu povo ao abandono, até o tempo em que uma mãe der à luz” (Mq 5,2). 

Nossa Senhora, Mãe que concebe e dá à luz, é o sinal predito pelos profetas. Por essa razão, às vésperas do Natal, olhamos para Ela e, com Isabel, exclamamos repletos de gratidão e admiração: “Como posso merecer que a Mãe do meu Senhor me venha visitar?” (Lc 1,43). Antes mesmo de a Salvação se manifestar visivelmente, já se encontrava entre os homens no ventre de Maria. Por isso, o Evangelho deste domingo narra a visita de Nosso Senhor a Isabel e a santificação de São João Batista, um milagre que Jesus realizou enquanto era ainda gestado pela Virgem. 

“Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança pulou no seu ventre, e Isabel ficou cheia do Espírito Santo” (Lc 1,41). Deus já agia, santificava e inspirava os seus filhos antes mesmo do Natal do Senhor, por meio da presença e da voz de Maria. A Virgem tinha sido desde a infância um prenúncio da salvação, pois fora preservada do pecado original e era já cheia de graça. Agora, porém, trazia o próprio Deus consigo, como um tesouro escondido. Onde estava a Virgem, ali estava também o Senhor, vivo e operante. 

De tal modo as vidas de Jesus e de Maria – do Filho e da Mãe – estavam unidas e entrelaçadas que a presença divina se fez sentir e agiu eficazmente por meio da simples saudação da Mãe de Deus: “Logo que a tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança pulou de alegria no meu ventre” (Lc 1,44). Essa união continuaria no Natal de Cristo, quando os pastores, “entrando na casa, encontraram o Menino com Maria, sua Mãe” (Mt 2,11). Continuaria durante toda a vida de Jesus, até à Morte redentora, quando “estava de pé, junto à cruz de Jesus, a sua Mãe” (Jo 19,25). 

A Virgem, assunta em corpo e alma aos Céus, continua eternamente unida ao seu Filho. Por amor a Jesus, Ela se une também a nós, que somos membros da Igreja, Corpo de Cristo, assim como em Pentecostes, quando “todos eram perseverantes e unânimes na oração com Maria, Mãe de Jesus” (At 1,14). Por isso, às portas do Natal, recorramos a Ela! Falemos com Ela, com confiança! Peçamos à Virgem que reacenda em nós o fervor e que, por sua intercessão, recebamos a graça e exultemos de alegria com o nascimento do Salvador. 

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