A alegria da santidade na missão de ser Igreja

No dia da Solenidade de São José, 19 de março de 2018, o Papa Francisco publicou a Exortação Apostólica Gaudete et Exsultat (Alegrai-vos e exultai – Mt 5,12), sobre a chamada à santidade no mundo atual. Francisco afirma que a universal vocação à santidade procura encarnar no contexto atual, com os seus desafios e oportunidades, uma forma de existência que deixa de lado uma vida superficial e indecisa. Na verdade, somos convidados a reconhecer-nos circundados por tantas testemunhas do Evangelho que nos estimulam a continuar a correr para a meta de uma plena humanidade, pois quanto mais colocamos em prática o Batismo e quanto mais santos somos, tanto mais humanos seremos.


A santidade não é fruto de uma espiritualidade individualista, mas aprouve a Deus salvar e santificar os homens não individualmente, mas formando um povo que O conhecesse na verdade e O servisse santamente (Lumen Gentium, LG 9). A fé cristã desenvolve-se na vida em comunidade, sempre com a Igreja, e a santidade é a originalidade da própria Igreja. Contudo, mesmo fora da Igreja Católica e em áreas muito diferentes, o Espírito suscita sinais da sua presença, que ajuda a própria Igreja a encontrar os caminhos para viver a santidade no mundo. Na verdade, somos todos chamados à santidade, vivendo com amor e oferecendo o próprio testemunho nas ocupações de cada dia.


Cada santo é uma missão, é um projeto do Pai, que visa a refletir e encarnar no presente um aspecto do Evangelho. No fundo, a santidade é viver, em união com o Senhor, os mistérios da sua vida, e consiste em associar-se de uma maneira única e pessoal à morte e ressurreição de Jesus Cristo, ou seja, morrer e ressuscitar continuamente com Ele para que a vida do Senhor seja vivida em nós, os batizados. Assim, cada santo é uma mensagem que o Espírito Santo extrai da inesgotável pessoa de Jesus Cristo e oferece essa mesma mensagem, o santo, ao povo de Deus. Esse estilo de vida na santidade se dá no contexto da comunidade que implica aceitação e disponibilidade para uma missão como um exercício responsável e generoso.


Daqui nasce uma questão: porventura, o Espírito Santo nos envia como Igreja, como povo de Deus, para cumprir uma missão e, ao mesmo tempo, pede-nos que fujamos dela ou que evitemos nos doar totalmente para preservarmos a paz interior? Obviamente que não.  Para o cristão, a oração torna-se ação; entretanto, isso não implica menosprezar o silêncio diante de Deus, a liturgia e os encontros formativos, mas tudo recebe significado a partir de uma santidade que é missão. Não temos uma missão nesta vida, mas a vida é uma missão.


Na verdade, o cristão, quanto mais se santifica, tanto mais fecundo se torna para o mundo, pois a santidade não nos torna menos humanos, mas eleva nossa humanidade e nossa fragilidade ao encontro com a graça de Deus. Assim, a santidade não é fruto de um esforço sobre-humano, mas um encontro com a misericórdia, um encontro com o Senhor que “nos amou primeiro” (1Jo 4,19). 

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