O Ano de São José, convocado pelo Papa, segue seu curso. Este período, para alguns, tem sido de particular oportunidade para aprofundar e conhecer a figura de São José. Ele, como consta na tradição e reafirmou o atual Bispo de Roma, foi um pai com coração amoroso. Um homem bondoso, sempre à sombra e no anonimato, cuidando do seu filho adotivo, Jesus Cristo.
A São José, historicamente, fora imputado inúmeros títulos, adjetivados vários predicados, dentre os quais o de Padroeiro da Boa Morte. Tal tradição se atribui às possíveis circunstâncias de sua Páscoa. Diz-se que ele morreu, secundado pela presença de Jesus e de Maria. No leito de morte, agonizando, ao ouvir a voz do seu filho, sentiu uma paz infinita no seu íntimo e morreu consolado. Jesus chorou amargamente a morte de seu pai na terra, por ele chamado de “Bendito ancião”.
As informações sobre a morte de São José se encontram num apócrifo chamado “A história de José, o carpinteiro”. Supõe-se escrito no Egito, ao final do século IV. Trata-se de uma história na qual o próprio Jesus conta aos discípulos como viveu e morreu seu pai José. Nesse livro, o Senhor pede, também, aos discípulos que quando enviados a pregar o Evangelho falassem a respeito de seu pai adotivo.
Esse mandato, a bem da verdade, foi cumprido e São José sempre foi lembrado pela tradição da Igreja. Exemplo notório é que ele foi declarado patrono da Igreja universal. Ademais, o Papa Francisco, além de inserir seu nome na prece eucarística, lhe dedicou o ano que agora celebramos. De igual modo, a reminiscência de sua morte foi sempre contemplada pela piedade popular, a ponto de ele ser invocado como Patrono da “Boa Morte”. A lógica interna desse título é que, como São José morreu em tão insigne companhia – Jesus e Maria –, não haveria melhor modelo para desta vida adentrar na eternidade do que consolado e amparado pelo filho de Deus e a Virgem de Nazaré.
No nosso tempo, marcado sobretudo pela prematura morte de mais de 600 mil pessoas e nas cercanias da celebração de memória dos fiéis defuntos, impõe-se que se invoque São José, o Padroeiro da “Boa Morte”. Suplicar a ele que a morte, além de secundada pela presença de Cristo e de Maria, seja minimamente digna, sem negligência ou descuido. Igualmente, que ela seja fruto do seu curso natural, sem abreviações indevidas. Assim, também, ter-se-ia uma “Boa morte”!
Padre Reuberson Ferreira, MSC, é Pároco e Reitor do Santuário de Nossa Senhora do Sagrado Coração.