O Papa Francisco está à frente da Igreja desde março de 2013. Durante esses quase oito anos, ele tem escrito muito, com serenidade e objetividade, sobre o seu pontificado, e assim o transmite. No ensinamento social da Igreja, em 24 de maio de 2015, o Papa apresentou a encíclica Laudato si’, e, em 3 de outubro de 2020, nos brindou com a encíclica Fratelli tutti. A Igreja é chamada a evangelizar sempre todos os povos, em todos os continentes. A Esposa de Cristo está sendo motivada a pensar a humanidade, como habitante da “casa comum”, e também, apostando na fraternidade e na amizade social.
No capítulo I da encíclica Laudato si’, o Papa propõe uma reflexão que deve ser assumida por todos nós, moradores do planeta Terra: “O que está acontecendo com nossa casa?”. Nos parágrafos 17-100 deste capítulo, o Papa Francisco vai delineando o seu pensamento e os seus questionamentos. Como batizados, somos convidados por Cristo Jesus a partir em missão, seja na família, seja no ambiente de trabalho, seja na escola, seja perto de casa, seja mesmo além-fronteiras. Como encontramos o ambiente da nossa “casa”, quando portamos Jesus Cristo e o seu Evangelho? Somos anunciadores e ao mesmo tempo devemos preservar a Terra. Precisamos chegar aos últimos quadrantes do planeta evangelizando e garantindo a continuidade da vida.
Na encíclica Fratelli tutti, sobretudo no capítulo III, o Papa Francisco nos leva a refletir sobre o tema “Pensar e gestar um mundo aberto”. Nos parágrafos 87-127, o Pontífice nos orienta a “promover o bem moral” (112) e o “direito sem fronteiras” (121). O Magistério de Francisco está em compasso com o Evangelho de Cristo Jesus. O Divino Mestre veio para garantir a vida em abundância a todos os povos. Como estamos promovendo a fraternidade universal e a amizade social? Como chegar aos povos, com o paradigma da universalidade apresentado por Francisco e, ao mesmo tempo, respeitando as fronteiras da diversidade religiosa, sem o temor de anunciar Jesus Cristo?
De fato, o Papa Francisco tem se apresentado como um homem religioso e de importância planetária. Ele, o Pontífice da Igreja Católica, também, se preocupa com o homem e a mulher contemporâneos. Quando o Papa fala do meio ambiente e da fraternidade universal, ele se comunica com todas as pessoas do nosso tempo. Sua voz se faz ecoar em todos os cantos do planeta. Parafraseando São Francisco de Assis, nas duas encíclicas do seu ensinamento social da Igreja, Laudato si’ e Fratelli tutti, o Papa Francisco entoa um cântico às maravilhas da criação e apresenta o convite à fraternidade universal.
Respeitando o meio ambiente e propondo a fraternidade e amizade social, podemos dizer que a Igreja diminui sua vitalidade ao apresentar o Evangelho de Jesus Cristo a todas as pessoas? Sem sombra de dúvidas, nós precisamos cuidar da Terra como criação de Deus. Devemos respeitar os recursos naturais como dons do Altíssimo, e nos conscientizar do uso e da partilha dos bens universais, para toda a humanidade. Cristo Jesus nos apontou o Pai que nos criou, e, com amor benevolente, oferece cotidianamente o pão nosso e o garante a todos nós.
O Papa Francisco apresenta o seu Magistério com ternura e determinação. Ele tem mostrado, firmemente, nos seus escritos, a centralidade da mensagem de Jesus. O Pontífice é propositivo e inteligente ao falar no Salvador e Redentor. Ele nos conclama, porém, como batizados, a anunciar o Filho de Deus, não na coação dos métodos ou na submissão dos povos. Ele tem proposto o diálogo respeitoso e a valorização do outro, em cada pessoa humana. Ele tem buscado superar rupturas, tecendo o entendimento recíproco. Rompendo as fronteiras que dividem e valorizando as pontes que promovem o bem comum, o Papa Francisco orienta a Igreja de Cristo Jesus e apresenta seu itinerário de grande evangelizador.
Padre José Ulisses Leva é professor de História da Igreja da PUC-SP.