Salve Maria, advogada do céu!

Há poucos dias, ouvi de uma cliente que a sua ideia de advogado como o consorte do criminoso e do corrupto tinha sido desfeita. Ela me disse que o advogado é aquele que ajuda nas necessidades das pessoas. Quanta simplicidade na fala espontânea e quão gratificante foi escutar isso!

A Constituição diz que o advogado é indispensável à administração da Justiça. O mesmo diz o Estatuto dos Advogados. É que, num Estado democrático de direito, não se faz Justiça com as próprias mãos. Quem a faz valer é o Estado, que pelo uso da força, pode prender, expropriar bens, aplicar medidas socioeducativas, entre outros. Contudo, a linguagem dessa Justiça, isto é, a lei material e processual se especializou de tal modo que o cidadão comum, no mais das vezes, não tem condições de ir diretamente ao Estado pedir que a Justiça lhe seja feita, e necessita, portanto, de um profissional para fazer a intermediação entre si e o Estado, de quem pretende receber a almejada Justiça.

É preciso ter consciência de que o Direito é um meio de mitigar as desigualdades para o encontro de soluções justas. São deveres éticos do advogado, dentre outros, atuar com destemor, honestidade, veracidade, lealdade e boa-fé, para enfrentar as desigualdades, a corrupção e a imoralidade.

O fundamental, entretanto, está escondido nas entrelinhas: o advogado é quem fala e age em prol daquele que o procura. O que acolhe, auxilia, socorre, apela, argumenta, para que a pretensão de seu cliente seja ouvida e atendida.

Atualmente, há um apelo para que o advogado seja também mediador entre as partes: o que as aproxima, o que as faz dialogar e se colocar no lugar do outro, buscando soluções alternativas à lide, tão desgastante e cujo resultado nem sempre satisfaz.

Na oração da Salve Rainha, invocamos a Mãe de Jesus como nossa advogada, aquela a quem vamos gemendo e chorando pedir ajuda. Suplicamos, antes de tudo, que volva seu olhar misericordioso a nós. Ora, quem é essa advogada do céu, de quem os santos dizem coisas admiráveis? Quem é essa senhora, amada e venerada nos quatro cantos do mundo e temida até pelos demônios? Aquela que permaneceu oculta toda a sua vida, tão profunda sua humildade: “Deus Pai consentiu que jamais em sua vida ela fizesse algum milagre, pelo menos um milagre visível e retumbante”, mas “é a obra- -prima por excelência do Altíssimo”, é a “magnificência de Deus, em que Ele se escondeu”. Essa menina se tornou uma “advogada tão poderosa, que não foi jamais repelida; tão habilidosa, que conhece os segredos para ganhar o coração de Deus; tão boa e caridosa, que não se esquiva a ninguém, por pequeno e mau que seja” (“Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem”, de São Luís Maria Grignion de Monfort).

Na humildade, o poder; no amor, a força; no acolhimento, a conquista da confiança; na bondade, a habilidade. Essas são lições de Nossa Senhora aos advogados que pretendem ser uma ponte entre o Poder Judiciário e pessoas injustiçadas, desesperadas, desanimadas que lhes pedem socorro. Nem sempre a Justiça terrena chega a contento, porém o comprometimento, a dedicação, a seriedade e o estudo refletem essa atitude cristã na busca da Justiça ao seu assistido, sendo condição essencial à manutenção de uma relação de confiança recíproca.

Neste mês de agosto, em que se homenageia o advogado, possa Nosso Senhor Jesus iluminar, guardar e encorajar todos os que se dedicam à causa da Verdade e da Justiça, e que Nossa Senhora, Mãe de Deus, advogada nossa, guarde e livre de todo o mal aqueles que a ela se socorrem!

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