Os católicos e o Papa

No dia 29 de junho, a Igreja comemora os apóstolos São Pedro e São Paulo, mártires de Cristo, também chamados “príncipes dos apóstolos” e reconhecidos como “colunas da Igreja”. No Brasil, quando o dia 29 de junho não coincide com um domingo, a comemoração litúrgica é transferida para o domingo seguinte, como acontece neste ano.

Eles foram os dois apóstolos que mais se destacaram, no início da Igreja, na difusão do Evangelho e no testemunho de Jesus Cristo e, desde a Igreja primitiva, a menção dos dois aparece sempre ligada, como se o patrimônio da fé e da vida da Igreja não pudesse ser compreendido e transmitido de maneira adequada sem a recíproca complementaridade desses dois grandes apóstolos.

Pedro recebeu de Jesus a missão de apascentar a universalidade das ovelhas e dos cordeiros do rebanho do Senhor, de confirmar na fé e de manter unidos na mesma fé e na mesma caridade os que professam a fé no nome de Jesus (cf. Lc 22,31). E só recebeu esse encargo depois de confirmar por três vezes seu amor irrestrito por Jesus: “Sim, Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que te amo” (cf. Jo 21,15-17). Depois de Pentecostes, cheio do dom do Espírito Santo, Pedro desempenhou corajosamente essa missão, até à prisão e ao martírio.

Paulo, chamado de forma surpreendente por Jesus para o serviço do Evangelho, tornou-se o missionário ardoroso e apaixonado por Ele, que alargou as fronteiras da evangelização para a Ásia Menor, a Grécia e o vasto império romano, chegando até o seu centro, em Roma. Semeador de comunidades cristãs, também foi mestre dessas comunidades para o amadure- cimento de sua fé, deixando um legado precioso, nos Atos dos Apóstolos e em suas cartas, sobre as experiências da vida cristã no primeiro século do Cristianismo. Não foi um “aventureiro da fé”, mas um missionário ardoroso de Jesus e do Evangelho, sempre baseado na experiência extraordinária do seu encontro com Jesus no caminho de Damasco e sempre atento às inspirações do Espírito Santo.

Como Pedro, também Paulo entregou a vida por Cristo e pelo Evangelho, até ao derramamento do sangue no martírio. Os túmulos de ambos estão em Roma, sendo meta de peregrinação ininterrupta ao longo dos séculos e ainda hoje o são. A celebração anual da festa de São Pedro e São Paulo nos dá a ocasião de experimentar, em qualquer parte do mundo, a força do seu testemunho por Jesus e pelo Evangelho. Somos membros da Igreja, “casa de Deus”, segura e sempre aberta a todos, que reconhece em Pedro e Paulo as colunas seguras e o ambiente acolhedor da grande família de Deus, que professa a fé comum recebida deles como herança e patrimônio espiritual.

Na festa de São Pedro e São Paulo, comemora-se também o “Dia do Papa”. Ele é o sucessor de São Pedro na sede de Roma e, como tal, também continuador da missão confiada por Jesus a Pedro. A grande missão do Papa é zelar pela unidade da Igreja na integridade da fé professada, celebrada e testemunhada. Mas ele também é continuador da missão e do testemunho de Paulo e, como tal, o Papa zela pela evangelização e para que a missão da Igreja se cumpra em toda parte, conforme ordem dada por Jesus aos apóstolos (cf. Mt 28,19). Nada estranho, pois, que o Papa Francisco fale tanto em nova evangelização e missão, em Igreja sinodal, nas muitas formas do testemunho da caridade, no chamado à renovação e à conversão pessoal e eclesial. Como Pedro e Paulo, o Papa fala constantemente de temas importantes para a vida cristã e da Igreja, manifesta-se diante de questões da vida pública e interpela a todos a acolherem o Evangelho.

Para os católicos, em especial, alguns deveres em relação ao Papa não devem ser desatendidos. Primeiramente, o da oração por ele e nas suas intenções, que são sempre as da Igreja e sua missão e as da humanidade, seu bem, sobretudo de quem sofre mais. E Francisco insiste sempre: “Por favor, não deixem de rezar por mim”. Por outro lado, devemos respeito pela pessoa do Papa. Nele, reconhecemos aquele que o Espírito Santo escolheu para ser representante visível de Jesus Cristo na condução da Igreja. Não devemos esquecer as palavras de Jesus: “Quem vos recebe a mim recebe. Quem vos despreza a mim despreza” (cf. Lc 10,16). Não é coisa boa e não vem do Espírito de Cristo quando católicos desrespeitam o Papa. O respeito devido ao Papa não decorre de simpatia ou afinidade humana, mas de questão de fé cristã.

Em relação ao Papa, os católicos também têm o dever da adesão e comunhão irrestrita de fé quanto ao seu ensinamento magisterial sobre questões de fé e moral. E também de escuta respeitosa e obediente no que se refere aos seus ensinamentos sobre questões de disciplina e vida da Igreja. Nunca é demais, lembrar um antigo adágio: “Ubi Petrus, ibi Ecclesia” – onde está Pedro, aí está a Igreja. Os católicos estão com o Papa. E os que não estão com ele podem ainda achar que estão com a mesma Igreja?

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