A Ascensão do Senhor inaugura um novo tipo de relacionamento entre Jesus e os discípulos. Até então, eles viam, tocavam e falavam com o Senhor, olhando-O nos olhos. A partir da Ascensão, a Igreja será privada da presença visível de Cristo. Porém, isso não quer dizer que Ele esteja ausente. Cristo continua presente e agindo, porém, de um modo invisível aos olhos corporais. Afinal, o Senhor mesmo havia prometido: “Eis que estarei convosco todos os dias, até o final dos tempos” (Mt 28,20).
O livro dos Atos exprime assim esse mistério: “Uma nuvem O encobriu, de forma que seus olhos não mais podiam vê-Lo” (At 1,9). Nossos olhos não podem vê-Lo, mas Ele está conosco. Está substancialmente e inclusive fisicamente presente na Eucaristia; e se encontra nas almas em estado de graça. Por meio dos sacramentos, continua realizando as mesmas ações de antes. Quando a Igreja batiza, é Cristo quem batiza; quando oferece a missa, é Ele quem renova sobre o altar o sacrifício da Cruz; quando administra o sacramento da Confissão, é Ele quem diz: “Eu te absolvo dos teus pecados”. Para nós que vivemos depois da Ascensão, aplicam-se as palavras de Cristo a Tomé: “Felizes os que acreditaram sem ter visto” (Jo 20,29).
Cumpriu-se o que confessamos todos os domingos no Creio: “Subiu aos céus, onde está sentado à direita do Pai”. Seria um erro, todavia, pensar que isso significa que Jesus se encontra distante, lá longe nas alturas! Paradoxalmente, depois de subir ao Céu, o Senhor se encontra, de certo modo, ainda mais perto! O seu Corpo ressuscitado não tem limitações espaciais; Ele vive e age não somente na Judeia e na Galileia, mas em todo o mundo e por todos os tempos.
Isso ocorre por meio da ação do Espírito Santo, que o Pai enviou à Igreja dez dias depois da Ascensão. O divino Paráclito torna Cristo presente entre os seus discípulos, que devem levá-Lo a todo o mundo. Por esta razão, no Evangelho deste domingo, o Senhor diz: “Eu enviarei sobre vós Aquele que meu Pai prometeu. Por isso, permanecei na cidade, até que sejais revestidos da força do alto” (Lc 24,49). Porque Ele não nos deixou órfãos: quando Jesus subiu aos Céus, os discípulos não se entristeceram. Ao contrário, segundo São Lucas, “voltaram para Jerusalém, com grande alegria” (Lc 24,52)! Sabiam que o Senhor desaparecia de seus olhos, mas não os abandonaria.
A partir da Solenidade da Ascensão do Senhor, faremos vigília com os Apóstolos e com Nossa Senhora, aguardando a vinda do Espírito Santo! Rezaremos unidos a eles para que Deus derrame o seu Espírito abundantemente sobre a Igreja, como em Pentecostes. Dispor-nos-emos a recebê-Lo com docilidade, implorando que os seus sete dons e os seus doze frutos se manifestem em nossas almas. Na espera por Pentecostes, rezamos com a Igreja: “Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor”!