Pensar a missão

No caminho da missão, à luz da Sagrada Escritura que nos é revelada, encontramos a profunda verdade de que o ponto de partida de nossa missão é o ser humano, o próximo, aquele que compartilha conosco a jornada da vida. Este ser humano, criado à imagem e semelhança de Deus, é destinado a sair, a se dirigir ao encontro do diferente, numa busca constante de comunhão.

Sabemos que o diálogo é um ato plural, nunca singular. Nele, encontramos a riqueza da diversidade, que é a essência de reconhecimento mútuo. Em cada palavra trocada, em cada gesto de compreensão, desdobramos a reciprocidade, que é doar o que temos em plenitude, sem restrições ou preconceitos.

No cerne desta missão, encontramos a dimensão antropológica, a compreensão de que não pode haver missão sem sair, sem ir ao encontro do outro. Assim como Jesus saiu dos céus e veio habitar entre nós, a missão é um processo que acontece na Aliança entre Deus, o povo e o missionário. Não raro, nos perdemos nas estruturas e formalidades, esquecendo que a missão é, essencialmente, sobre as pessoas.

O missionário é aquele que se levanta para sair e encontrar o próximo, seguindo os passos Daquele que nos amou primeiro. A missão não pertence exclusivamente aos clérigos e religiosos; é um chamado que se estende a todos os corações fiéis. Desclericalizar a missão é reconhecer que o próprio Deus a tem em seu coração, e que somos instrumentos de seu plano divino.

A missão de Jesus, nosso Divino Mestre, foi a de revitalizar a vida, de renovar o espírito, de trazer à luz aqueles que estavam na escuridão. A dinâmica da missão é como o bater constante de um coração, um movimento ininterrupto de dar e receber, de compartilhar e aprender.

Nesse caminho, o missionário deve traçar seu mapa, conhecer a direção e o endereço do próximo, aquele que ele busca conhecer e compreender. A missão não é um dever, mas uma vocação, que está enraizada na essência do ser humano, na essência de todo cristão, pois o homem é um ser em saída permanente, sempre em busca de encontro e redenção.

Lembremos que o projeto é de Deus, mas a missão é nossa. A Igreja se revela como missionária quando se lança ao mundo em busca de servir e amar, espalhando a luz do divino amor. Que a nossa Igreja seja sempre uma “igreja em saída,” pronta para levar a Boa Nova a todos os cantos da Terra, cumprindo a missão que nos foi confiada desde o princípio dos tempos.

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