Qual o caminho para a economia? A proposta de Francisco

A improdutiva atividade econômico-financeira é um dos grandes entraves para a existência de uma economia que conduza a um equilíbrio social. O ‘endeusamento’ deste sistema financeiro contribui de forma contundente para a implantação e ampliação da injustiça para com os mais pobres, aprofundando a desigualdade e, sobretudo, travando o desenvolvimento.

Intrinsecamente, este sistema consiste num tipo de corrupção, pois dificulta as possibilidades de uma vida mais digna à população carente. O funcionamento do mercado tem mecanismo de exclusão dos mais necessitados, sempre ignorando a miséria, constituindo, portanto, uma forma de corrupção.

Corrupção é agir com a finalidade de obter vantagens em relação aos demais e significa, etimologicamente, “ato de quebrar aos pedaços”, ou seja, decompor e deteriorar algo. Assim sendo, quando o ‘mercado’ se coloca no centro e deixa de lado a pessoa, temos, sim, um tipo velado de corrupção, que desvia o dinheiro, seja com a distribuição de dividendos sem a tributação adequada, seja para pagamento aos bancos de dívidas infindáveis devido aos juros abusivos.

A pergunta que se faz é: se existem alternativas para a economia, para não ficar dependente e atrelado ao capital improdutivo, ou pelo menos, para minimizar os seus malefícios?

Sim, existem alternativas, sendo que a Economia de Francisco é um exemplo significativo de proposta, lembrando que a Economia de Francisco é um processo, e não um evento ou um projeto. Devemos nos engajar e deixar ser envolvidos nesta caminhada e dar um novo significado à pobreza mundial, colocando toda a população no mesmo patamar de dignidade humana e igualdade de oportunidades. Indispensável, também, á a dimensão espiritual, que abre os horizontes, para além dos conceitos meramente técnicos.

Um dos aspectos fundamentais da Economia de Francisco é a garantia de uma renda básica, dando dignidade à pessoa pobre, tendo o Estado efetiva participação na distribuição da renda, que hoje é concentrada na mãos de poucos. Esta é uma carcterística da solidariedade, indispensável para que a economia possa estar a serviço de todos, como se encontra previsto, por exemplo, na Constituição Federal do Brasil.

Outra proposta muito importante é o reinvestimento na própria empresa, garantindo e ampliando os postos de trabalho e atividade econômica, investindo na formação cultural dentro desta nova racionalidade, de modo a fortalecer a base cultural que sustenta o projeto, ou seja, na difusão da cultura da partilha, mediante a promoção de congressos, estruturas, escolas formativas, bolsas de estudo e imprensa.

Imprescindível distribuir e compartilhar uma parte do lucro com pessoas em situação de pobreza, dando-lhes a possibilidade de viver de modo mais digno, criando para elas projetos de desenvolvimento, sem limitar-se a assisti-las financeiramente.

A Economia de Francisco quer se orientar na linha da justiça social, colaborando para uma redistribuição dos recursos de modo adequado ao equilíbrio econômico, sempre em consonância com o meio ambiente. Na visão do Papa Francisco, os jovens devem ser os protagonistas, pois serão os jovens, diz o Papa, que vão mudar a economia.

Luiz Antonio Araujo Pierre é membro do Movimento dos Focolares. Professor, advogado e sociólogo.

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